O TOQUE
No Mundo Médio, os estudiosos aceitam sem questionar as habilidades psíquicas humanas como fatos reais. De fato, tanto a história quanto a cultura do Mundo Médio estão repletas de históricas envolvendo tais fenômenos psíquicos, e dão ampla evidência acerca dos efeitos transformativos das habilidades e viagens psíquicas sobre os eventos da vida e da história da humanidade. O termo geral que os habitantes do Mundo Médio usam para essas habilidades é o Toque, e apesar de ser encontrado na população em geral, ocorre com mais freqüência entre os membros da seita religiosa conhecida como os Manni. De fato, esse dom prevalece tanto entre os Manni que uma criança nascida sem esses sentidos especiais é tratada como deficiente de um sentido essencial, quase como se tivesse nascido sem a visão ou a audição. Em muitos sentidos isso não é surpreendente, pois as habilidades psíquicas dos Manni são um pré-requisito necessário para seu principal rito religioso, que é a viagem todash, ou viagem entre mundos.
Apesar de o Toque ser as vezes considerado um traço genético exclusivo
dos Manni, existe outra população no qual esse dom se manifesta com
freqüência, que é entre os pistoleiros. Isso provavelmente se dá devido
ao fato de que, nos dias finais do reino de Arthur Eld, os pistoleiros
eram encorajados a tomar esposas Manni, não apenas pela fertilidade
entre elas ser maior do que entre outras mulheres, mas também porque
os pistoleiros valorizavam as habilidades psíquicas dos Manni e queriam
incorporá-las em suas próprias linhagens. Entre Manni e pistoleiros,
o Toque é considerado uma habilidade essencial de sobrevivência, porém
enquanto os Manni usam esse sentido extra para identificar os buracos
na realidade, ou tomados por todash, que usam para viajar entre universos,
os pistoleiros exercitam e desenvolvem essas pouco compreendidas partes
de sua mente para afiar sua intuição e agilizar suas reações. De fato,
existem muitos sábios que defendem a teoria que a velocidade das mãos
dos pistoleiros é na verdade uma manifestação do Toque.
Mas apesar de as linhagens sanguíneas dos Manni e dos pistoleiros ter
se misturado através dos séculos, e a maior parte dos Mundo-Medianos
tratarem o Toque como sagrado, em algumas regiões remotas e supersticiosas,
as habilidades psíquicas dos Manni, aliadas às suas práticas culturais
incomuns, os tornaram alvo de preconceito e perseguição. Em lugares
aonde a conformidade com as normas religiosas regionais é essencial
para sua segurança e aceitação, os Manni são facilmente reconhecidos
e se tornam alvos fáceis.
Tanto entre os Manni quanto os pistoleiros, o Toque não é apenas um
único dom ou habilidade, mas sim uma rede de habilidades que dão a um
indivíduo o acesso à informações inacessíveis pelos outros sentidos.
As mais freqüentes manifestações do toque são as seguintes:
1. A habilidade de ler o passado de um objeto ao segurá-lo.
2. A habilidade de sentir o que acontece à distância.
3. A habilidade de prever eventos futuros.
4. A habilidade de fazer profecias em estado meditativo, ou induzido
via ritual.
5. A habilidade de sentir emoções ou pensamentos de outras pessoas,
geralmente após fazer contato físico. (Essa habilidade final é referida
como “partilhar khef” ou partilhar força vital.)
Mas apesar de as cinco formas do toque terem sido extensivamente
documentadas, as questões referentes à sua natureza e origem permanecem
sem respostas. Assim como há aqueles que argumentam que as habilidades
psíquicas são genéticas, existe um numero igual de pessoas que dizem
que esse poder da mente e do espírito são latentes em todos os homens
e mulheres. Para os Manni, suas maneiras de conhecimento (como se referem
aos seus sentidos psíquicos) são presentes do Primal e do Fim (sendo
ambos nomes para os criadores primordiais do universo), e são ao mesmo
tempo o resultado de gerações de Manni viajando através do tempo e espaço,
e o meio pelo qual essa viagem é realizada.