Outsider

Ficha técnica

Título Original: The Outsider
Título Traduzido: Outsider
Tradução: Regiani Winarski
Número de Páginas: 528 (Editora Suma)
Ano de Publicação: 2018
Data de Publicação nos EUA: 22/05/2018
Personagens Principais: Ralph Anderson, Terry Maitland, Jack Hoskins, Yune Sablo, Holly Gibney
Conexões: Mr. Mercedes, Achados e Perdidos, Ultimo Turno
Personagens Citados: Bill Hodges, Brady Hartsfield, Morris Bellamy, Jerome Robinson.
Disponível no Brasil pela editora: Editora Suma (2018)

Sobre o livro

O corpo de um menino de onze anos é encontrado abandonado no parque de Flint City, brutalmente assassinado. Testemunhas e impressões digitais apontam o criminoso como uma das figuras mais conhecidas da cidade ― Terry Maitland, treinador da Liga Infantil de beisebol, professor de inglês, casado e pai de duas filhas.

O detetive Ralph Anderson não hesita em ordenar uma prisão rápida e bastante pública, fazendo com que em pouco tempo toda a cidade saiba que o Treinador T é o principal suspeito do crime. Maitland tem um álibi, mas Anderson e o promotor público logo têm amostras de DNA para corroborar a acusação. O caso parece resolvido.

Mas conforme a investigação se desenrola, a história se transforma em uma montanha-russa, cheia de tensão e suspense. Terry Maitland parece ser uma boa pessoa, mas será que isso não passa de uma máscara?

Resenha

Outsider é uma obra que, à primeira vista, se apresenta como um thriller policial, mas logo se revela uma exploração mais profunda da natureza humana e dos limites do entendimento. Stephen King começa a trama com um assassinato brutal, e o principal suspeito parece ter todas as evidências contra si. No entanto, à medida que a investigação avança, as coisas começam a se complicar de maneira sobrenatural. O livro vai além do simples mistério e mergulha em questões de identidade, culpa, justiça e o mal incontrolável, sendo muito mais do que uma simples história de detetive.

A principal metáfora do livro gira em torno da figura do “outsider” — o estranho. O título em si é uma representação de um ser que não se encaixa nas categorias tradicionais da sociedade, e King se utiliza disso para explorar o medo do desconhecido. Esse “outsider” é mais do que apenas um criminoso ou uma figura externa. Ele é uma representação do medo coletivo, de algo que ameaça a ordem estabelecida e desafia as percepções e crenças consolidadas. Essa metáfora do estranho é central para o livro, à medida que o mal vai se revelando de formas inesperadas, desafiando a compreensão dos personagens.

Além disso, a obra de King explora uma analogia com o conceito de “duplo”, uma ideia que aparece em várias de suas histórias. O vilão de Outsider não é simplesmente um monstro, mas uma personificação do mal que pode assumir várias formas, muitas vezes camufladas sob uma superfície aparentemente normal. A duplicidade de aparências versus realidade é um dos pilares da narrativa, refletindo a ideia de que, por trás da aparência do bem, podem estar forças malignas que escapam à percepção humana. A batalha contra o mal, nesse caso, é tanto uma luta externa quanto interna, envolvendo a confrontação das próprias crenças e o questionamento das verdades aceitas.

O personagem de Holly Gibney, uma mulher detetive que já apareceu em outras obras de King, como na trilogia Bill Hodges, desempenha um papel central nesse processo de investigação e descoberta. Ela representa o antídoto contra a complacência e a aceitação de explicações fáceis. Holly é a personagem que se recusa a se conformar com respostas simplistas, desafiando as normas e exigindo uma verdade mais complexa. A construção de Holly como protagonista feminina é um dos aspectos mais interessantes do livro, pois ela não apenas é uma investigadora perspicaz, mas também uma mulher que lida com seus próprios demônios internos. Sua jornada reflete a busca pela verdade em um mundo onde as fronteiras entre o real e o irreal estão constantemente borradas.

A trama também se aprofunda na ideia do mal como uma força invisível e inevitável, algo que transcende a explicação racional. King trabalha a questão do mal de maneira que ele não é apenas uma questão de responsabilidade individual, mas algo que invade a sociedade e altera as dinâmicas de poder e controle. A ideia de que uma força sobrenatural pode se disfarçar de algo cotidiano, como uma simples investigação de assassinato, é um dos pontos centrais que King explora com maestria.

O cenário de Outsider também é fundamental para a construção da tensão. A cidade pequena, onde todos se conhecem e os segredos se acumulam, serve como um microcosmo para refletir as maiores questões humanas: o medo, a desconfiança, e a luta pelo controle. A maneira como King descreve esse ambiente cria uma sensação de claustrofobia, onde, apesar de parecer um lugar seguro e previsível, há uma constante ameaça escondida nas sombras.

Ao final, Outsider deixa o leitor com uma sensação inquietante. A verdade revelada não é clara nem simples, e a luta contra o mal, embora tenha algum fechamento, não oferece as respostas definitivas que muitos poderiam esperar. King desafia a ideia de que a justiça pode ser feita de forma simples e direta, sugerindo que, no fundo, as forças que movem o mundo são mais complexas e, muitas vezes, aterradoras. O livro, assim, se torna uma meditação sobre o mal, a culpa e a fragilidade humana frente ao desconhecido.

Curiosidades

  • O romance foi mencionado pela primeira vez no dia 07 de Agosto de 2017 em uma entrevista de King ao USA Today.
  • A capa original (a mesma usada na versão brasileira do livro) foi revelada no dia 18 de janeiro de 2018.
  • Em Junho de 2018 foi revelado que a Media Rigths Capital desenvolverá uma minissérie de 10 episódios baseada no livro.
  • Em um trecho do livro King faz uma referência ao detetive Sherlock Holmes, ao pegar emprestado uma de suas frases: “Quando eliminamos o impossível, o que resta, por mais improvável que pareça, deve ser a verdade.”
  • Em outro trecho do livro King diz que o filme “Glória feita de sangue” do Kubrick é muito melhor do que “O Iluminado”, reforçando sua opinião de não ter gostado nem um pouco da versão que Kubrick fez para seu livro.
  • Em uma parte do livro, King fala sobre Rosita Muñoz, “A Cholita Luchadora”, uma lutadora de luta livre (bem ao estilo WWE). Embora a personagem seja fictícia, as chamadas “Cholitas Luchadoras” realmente existem e são muito populares na Bolívia, onde trabalham normalmente durante os dias da semana e no final de semana sobem nos ringues para converterem-se em guerreiras, enfrentando não apenas os lutadores, mas os próprios estereótipos, reivindicando suas posições como mulheres fortes na sociedade.
  • Em uma entrevista ao CBS Morning News King explicou que o conto “William Wilson” (que fala sobre os duplos) foi uma de suas inspirações para escrever a história.

Personagens Gêmeas

  • Os leitores atentos lembrarão que o nome Ralph Anderson já foi utilizado por King. Trata-se do garotinho que é levado por André Linoge em “Tempestade do Século”, filho de Mike Anderson. Porém, não há nenhuma evidência de que eles sejam a mesma pessoa.
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