O Vento Pela Fechadura

Ficha técnica
Título Original: The Dark Tower – The Wind Through the Keyhole
Título Traduzido: A Torre Negra – O Vento Pela Fechadura (2013 – Presente)
Ano de Publicação: 2012
Páginas: 283 (Edição de 2013 – Suma de Letras/Suma)
Personagens: Roland Deschain, Susannah Dean, Jake Chambers, Eddie Dean, Oi
Conexões: Todo o universo já escrito por King
Personagens Citados: –
Disponível no Brasil pelas Editoras: Suma de Letras/Suma (2013)
Sobre o livro
O vento pela fechadura irá fascinar os ávidos fãs de A Torre Negra. Em suas páginas se encontram revelações sobre o passado do pistoleiro Roland; memórias dos baronatos antes que o mundo seguisse adiante; e um conto de fadas perdido no tempo, onde os segredos do Mundo Médio se misturam aos mitos do Rei Artur.
Em O vento pela fechadura, Stephen King retorna ao Mundo Médio, cenário da A Torre Negra. O novo livro encaixa mais uma peça no vasto quebra-cabeças que cerca a saga, oferecendo lendas e histórias fantásticas de Gilead, ao mesmo tempo em que investiga o passado doloroso do pistoleiro Roland Deschain.
No meio do caminho entre o Palácio Verde e Calla, Roland Deschain e seu ka-tet — Jake, Susannah, Eddie e Oi, o trapalhão — são obrigados a acampar numa cidade fantasma. Caso contrário, iriam congelar com a chegada súbita e mortal de uma borrasca, tempestade única ao Mundo Médio. Para afastar o tédio da espera, Roland distrai o grupo com uma história de seu passado.
Porém, no centro dessa lembrança, o jovem Roland, do passado, também narra uma fábula de sua infância, registrada em seu livro favorito: O vento pela fechadura. A lenda do menino Tim e suas aventuras em busca do mago Merlyn acabam revelando muitas verdades sobre Gilead, o Mundo Médio e o Pistoleiro.
Resenha
O livro é basicamente uma história, dentro de uma história, dentro de outra história (a ideia pode parecer um tanto quanto confusa, mas quando abordada na prática é bem mais simples). Primeiro temos Roland e seu Ka-tet, em busca da Torre Negra, no exato ponto em que foram deixados com o termino do quarto volume da série, Mago e Vidro e um pouco antes de chegarem a Calla no quinto volume (podemos, portanto, considerá-lo como uma “Torre Negra 4.5”). Escapando de uma espécie de “tempestade” de gelo (Starkblast, no original, é um conceito bem mais aprofundado de “tempestade”, que pode ser mais bem entendido durante a leitura do livro. Não vou me aprofundar mais nos detalhes para não estragar a leitura com possíveis spoilers) Roland e seu ka-tet (Susannah, Jake, Oi e Eddie) se refugiam em um galpão abandonado e enquanto a tempestade não passa o ka-tet se reune ao redor de uma fogueira para ouvirem uma história dos tempos em que Roland ainda era Jovem, depois de sua aventura em Mejis (como visto em “Mago e Vidro”), quando ele e o então também jovem Jamie Decury foram mandados para a cidade de Debaria (lar das “Irmãzinhas da Rosa”, com quem Roland futuramente se encontraria no conto “As Irmãzinhas de Eluria”, do livro “Tudo é Eventual”) para investigar o caso de um SkinMan (algo como “Homem-Pele”, em tradução livre) uma espécie de metamorfo que estava assombrando a cidade. Paralelo aos fatos narrados nesse trecho da história, somos também apresentados a história do Vento pelo buraco da fechadura, que dá título ao romance.
“Eddie, Susannah, e Jake escutaram encantados, por toda aquela longa e controversa noite. Lud, o Homem do Tique-Taque, Mono Blaine, o Palácio Verde—tudo fora esquecido. Até mesmo a Torre Negra fora esquecida por um tempo. Havia apenas a voz de Roland, crescendo e decrescendo.” (S.K – O Vento Pela Fechadura)
No romance nos deparamos com um Roland, apesar de jovem, já bem amadurecido pelos infelizes acontecimentos do livro anterior e constantemente assombrado pela imagem de sua mãe. Algo como uma sombra do Pistoleiro frio e calculista que ele se tornaria futuramente, bem semelhante ao que pudemos conhecer quando nos foi narrada a história de Mejis (e mais detalhadamente nas hqs da Marvel que contam sobre o retorno para casa e sobre a queda de Gilead). Em contra partida temos um ainda aspirante a Pistoleiro Jamie Decury, que apesar de inexperiente cumpre bem sua função ao lado de Roland.
“De acordo com Vannay, havia apenas um único modo seguro de matar um SkinMan: um objeto perfurante de metal sagrado. Eu pagara o ferreiro com ouro, mas a bala que ele me fabricara – aquela que avançaria pelo tambor ao primeiro apertar de gatilho – era de pura prata. Talvez funcionasse. Senão, eu faria chover chumbo.” (S.K – O Vento Pela Fechadura)
A terceira história narrada e que dá título ao livro, “O Vento Pela Fechadura” funciona basicamente como uma parábola contada por Roland, (entre o segundo e terceiro capitulo do livro) que ouviu a história de sua mãe, quando ainda era muito pequeno. Apesar disso, quem já se aventurou nos outros romances da torre irá reconhecer quase que imediatamente os elementos presentes na história do jovem Tim, que parte em busca da cura para a visão de sua mãe; a tecnologia obscura da North Central Positronics, a magia de Merlim, os feixes de luz, e, como não poderia deixar de ser, a participação “especial” de um dos maiores vilões do universo da Torre Negra, o Homem de Preto. Apesar de interessante, acabei com a impressão de que “O Vento Pela Fechadura” é uma parte um tanto quanto desnecessária. Apesar de ser uma boa história, ao meu ver ela não acrescenta em nada a trama, (o que não acontece com a história principal, de Roland e Jamie em busca do Skinman. Diferente da fábula contada por Roland, esta serve como uma espécie de “preparação” para a redenção de sua mãe, uma história que mudaria o modo com o próprio Roland passaria a enxergá-la após os fatos ali narrados) e funciona basicamente como um tapa-buracos para afastar um pouco o foco principal (e consequentemente rechear o livro com algumas – muitas – páginas a mais). Apesar disso, é uma ótima história (assim como as histórias relacionadas a torre, em geral, são).
“– O Guardião do Feixe desta ponta é Aslam. – Daria disse. – Aslam é um leão, e se ele ainda vive, ele está muito longe daqui, na terra das neves eternas.” (S.K – O Vento Pela Fechadura)
Como o próprio King fez questão de frisar, O Vento Pela Fechadura funciona como um volume 4.5 que pode ser lido tranquilamente, independente da leitura dos outros volumes da série (e com uma ajudinha das breves considerações tecidas pelo próprio King antes do inicio do livro). Mas é importante saber que ter a consciência dos fatos narrados nos outros livros ajuda bastante para que se tenha uma visão mais detalhada do romance, uma experiência de imersão mais aprofundada no universo da Torre, como acontece até mesmo numa releitura dos outros livros da série (detalhes que passam despercebidos numa primeira leitura de “O Pistoleiro” por exemplo, numa segunda leitura são facilmente perceptíveis e enriquecem de maneira significativa a experiência). É um livro que realmente vale a pena ser lido. Apesar de, num modo geral, também não acrescentar muita coisa a mitologia da série, é um retorno tanto digno quanto inevitável (afinal de contas, Ka é como uma roda) ao universo de Roland Deschain e seu Ka-tet. Um universo que, apesar de esmiuçado no decorrer dos diversos livros, Hqs e enciclopédias sobre a série, ainda nos deixa sedentos por mais e mais.
A edição brasileira do livro segue os moldes da “antiga” coleção da Editora Objetiva, com capa padronizada e logotipo em alto-relevo (creio que futuramente provavelmente também haverá uma edição mais economiza, em formato de bolso, com uma capa diferente, como foi feito recentemente com os outros livros da série). A diagramação também segue o padrão das novas edições da Suma, com página amarelada e fonte agradável. A tradução das 283 novas páginas do universo da Torre no Brasil ficou por conta do tradutor (crítico de cinema e jornalista) Andre Gordirro.
Curiosidades
- Apesar de ser o oitavo livro da saga, cronologicamente seus eventos acontecem entre os volumes IV (Mago e Vidro) e V (Lobos de Calla).
- Livro anunciado durante sua turnê de promoção do livro Sob a Redoma, em 11/11/2009.
- O livro é, na verdade, uma colcha de retalhos de ideias de King. Originalmente, ele pretendia escrever três contos de fada modernos. Mais adiante, ele acabou achando que seria uma ótima ideia pegar tudo e inserir no Mundo-Médio.