O Instituto

Ficha técnica

Título Original: The Institute
Título Traduzido: O Instituto
Ano de Publicação: 2019
Páginas: 576 páginas (Editora Suma)
Data de Publicação nos EUA: 10/09/2019
Personagens: Luke Ellis, Kalisha Benson, Maureen Alvorson, Avery Dixon, Sigsby
Conexões: Salem
Personagens Citados:
Disponível no Brasil pelas Editoras: Editora Suma (2019)

Sobre o livro

No meio da noite, em uma casa numa rua tranquila em Minneapolis, intrusos assassinam os pais de Luke Ellis e o colocam em um SUV preto. Luke vai acordar no Instituto, em uma sala que se parece com a dele, mas sem janelas. E do lado de fora de sua porta há outras portas, nas quais estão outras crianças com talentos especiais – telecinese e telepatia – que chegaram a este lugar da mesma maneira que Luke. Nesta sinistra instituição, a equipe é impiedosamente dedicada a extrair dessas crianças a força de seus dons extranormais. À medida que uma nova vítima desaparece, Luke fica cada vez mais desesperado para sair e buscar ajuda. Mas ninguém jamais escapou do Instituto.

Resenha

O Instituto de Stephen King é uma narrativa tensa e envolvente que explora as profundas desigualdades sociais e a perda da inocência, ao mesmo tempo que mergulha no sobrenatural. Com uma estrutura clássica de suspense, King mistura o horror psicológico com uma crítica social, utilizando o cenário de um instituto secreto onde crianças dotadas de habilidades especiais são manipuladas e exploradas por forças implacáveis. A história, centrada em Luke Ellis, um garoto prodígio levado para o Instituto, transcende os limites de uma simples obra de ficção, trazendo à tona questões que tocam o coração da condição humana.

A metáfora central do livro é o próprio Instituto, um espaço que simboliza o abuso de poder e a exploração das fraquezas humanas. Esse lugar, escondido da sociedade, é um reflexo das instituições que, sob a aparência de proteção e controle, frequentemente desumanizam os indivíduos, tratando-os como objetos ou ferramentas a serem moldados para fins específicos. O Instituto, assim como muitas organizações e sistemas sociais, existe para fazer os indivíduos se conformarem a uma visão autoritária e opressiva, revelando a face sombria da autoridade e da manipulação.

A maneira como as crianças com habilidades psíquicas são tratadas e utilizadas no livro é uma analogia para as realidades de abuso e exploração que ocorrem na sociedade. As habilidades psíquicas, como telecinese e clarividência, que inicialmente representam um dom, acabam se tornando uma maldição nas mãos daqueles que controlam o Instituto. Essas crianças, muitas delas órfãs ou sem apoio familiar, se tornam vítimas de um sistema que as vê apenas como recursos a serem extraídos. Essa exploração da inocência e vulnerabilidade da juventude ressoa profundamente com a crítica de King às instituições sociais que constantemente subjugam os mais fracos, especialmente os que não têm meios de se defender.

Em relação aos personagens, King utiliza figuras arquetípicas, mas com a profundidade psicológica característica de sua escrita. Luke Ellis, o protagonista, é uma representação da pureza e do potencial humano, sendo forçado a amadurecer rapidamente ao enfrentar um sistema que visa destruir sua liberdade e individualidade. Ao mesmo tempo, a personagem de Mrs. Sigsby, a diretora do Instituto, serve como a personificação do mal institucionalizado, uma mulher fria e calculista, capaz de eliminar qualquer traço de humanidade para alcançar seus objetivos. Ela é a encarnação da banalidade do mal, sempre racionalizando suas ações de maneira cruel e impessoal.

A luta entre o bem e o mal em O Instituto é uma batalha de resistência contra as forças desumanizadoras, mas também uma reflexão sobre o poder e a manipulação. King não apenas apresenta o sofrimento das crianças, mas também como elas podem ser agentes de resistência, mesmo quando suas chances de sucesso são mínimas. O livro usa o poder psíquico das crianças como uma metáfora para a força interior e a resistência humana, a capacidade de lutar contra um sistema imenso e opressor, mesmo quando parece que a derrota é inevitável.

O simbolismo da resistência e do sacrifício está presente ao longo da obra, especialmente nas figuras dos adultos que tentam ajudar as crianças, como o detetive Tim Jamieson. Jamieson representa a figura do “herói comum”, alguém que se vê, inicialmente, distante do mundo das crianças e do Instituto, mas que acaba sendo chamado para ajudar a lutar contra o mal. Sua trajetória ao lado de Luke é uma jornada de entendimento de que, apesar das desigualdades e injustiças do mundo, ainda há espaço para empatia, coragem e ação.

O Instituto também se apropria de uma das grandes constantes nas obras de King: o papel das crianças como personagens centrais. King sempre teve uma habilidade singular para explorar o universo infantil e a transição para a maturidade, e aqui ele faz isso mais uma vez, mostrando como as crianças podem ser, ao mesmo tempo, vulneráveis e incrivelmente fortes. O fato de as crianças com habilidades psíquicas serem escolhidas para o Instituto e depois exploradas é uma crítica aos sistemas que, ao invés de nutrir o potencial, esmagam a criatividade e a individualidade para se ajustar a uma ordem pré-estabelecida.

Outro aspecto importante do livro é o tratamento das distâncias sociais e da moralidade. Em um mundo onde o poder muitas vezes é usado para oprimir e controlar, O Instituto revela a desumanização que ocorre quando o sistema remove a capacidade de ver o outro como um igual. As crianças são tratadas como objetos, sem qualquer respeito pela dignidade ou individualidade. Esse aspecto do livro é uma crítica direta às instituições que, em nome do progresso ou da ordem, se tornam desprovidas de ética e humanidade.

No fim das contas, O Instituto não é apenas uma história de suspense ou um thriller psicológico. É uma reflexão sobre o que significa ser humano em um mundo onde o poder e a manipulação governam, uma meditação sobre a perda da inocência e a capacidade de resistir ao mal, não importa o quão grande seja. Como em muitas de suas obras, King usa o medo e o sobrenatural para revelar os maiores horrores da humanidade, e O Instituto não é exceção, sendo, assim, uma das obras mais relevantes e desafiadoras do autor.

Referências Culturais

  • As gêmeas Gerda e Greta, lembra a Luke as gêmeas de um filme de terror antigo, obvia menção a O Iluminado.

Referências de Personagens

  • É citado por Luke que O Instituto usa as crianças com Drones Paranormais para matar pessoas consideradas perigosas para o bem do mundo. Algo muito semelhante ao de Richard “Dinky” Earnshaw fazia com suas cartas no enredo do conto Tudo é Eventual, do livro de mesmo nome.
  • Na parte de trás do Instituto tem uma criança chamada Richie Cunningham, que partilha do mesmo sobrenome de Arnie Cunningham, protagonista de Christinie.

Referências Narrativas

  • É mencionado por Frank que ele sempre tem uma faca por perto, mas não ajudaria contra um rato gigante do pântano, não tem como não lembrar dos ratos gigantes do tamanho de bezeros do conto Turno da Noite do livro Sombras da Noite.
  • É mencionado o Bicho Papão, citação a criatura antagonista do conto de mesmo nome do livro Sombras da Noite.
  • É mencionado pela Órfã Annie que há um programa chamado The Outsiders, mesmo titulo que uns dos livros de Stephen King
  • A Órfã Annie diz que no Maine tem uma cidade chamada Jerusalem Lot’s onde todos desapareceram a 40 anos. Essa menção é um spoiler do final da trama do livro Salem.
  • O número 19, famoso número místico da série A Torre Negra, aparece varias vezes durante o livro:
    • Denny pega um celular que lembra os dos anos 1990, 1+9+9+0 = 19;
    • Durante a fuga de Luke é mencionado que o trem chegava a 127 km/h, 12+7 = 19;
    • È mencionado a saída 181 da estrada, 18+1 = 19;
    • Dupray tem a população de 1369 habitantes, 1+3+6+9 = 19.

Assuntos Recorrentes

  • Durante a trama do livro temos muitos iluminados, o protagonista Luke que é Telecinetico, Kalisha e Avery são telepáticos.
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