Mago e Vidro

Ficha técnica
Título Original: The Dark Tower – Volume III: The Waste Lands
Título Traduzido: A Torre Negra – Volume III: As Terras Devastadas (2005 – Presente)
Ano de Publicação: 1991
Páginas: 526 (Edição de 2005 – Objetiva/Suma)
Personagens: Roland Deschain, Eddie Dean, Susannah Dean, Jake Chambers, Oi
Conexões: Todo o universo já escrito por King
Personagens Citados: –
Adaptação: The Dark Tower (2016 – Hq)
Disponível no Brasil pelas Editoras: Objetiva (2005), Suma de Letras (2012), Ponto de Leitura (2013), Editora Suma (2013)
Sobre o livro
Alguns meses após a última aventura, Roland e seus companheiros continuam sua missão. O pistoleiro pretende voltar a um tempo anterior e resgatar Jake, de Nova York, antes que o Homem de Preto o mate. Logo, o ka-tet precisará de toda a esperteza que conseguir reunir para derrubar a maior ameaça ao caminho da Torre Negra até agora: um trem falante.
Resumo do livro 4 - Mago e Vidro
(Atenção: Este resumo contém partes importantes do enredo – “Spoilers”)
A torre negra volume 4 – mago e vidro – tem inicio com o ka-tet rumo a cidade e Topeka, dentro do monotrilho blaine, um trem com inteligência artificial e viciado em charadas. Graças a Eddie e suas charadas de mal gosto, os amigos pistoleiros conseguem vencer Blaine, que acaba entrando em curto circuito e morre (se é que podemos dizer que uma maquina morre). O trio então continua viagem, a partir do ultimo ponto de parada de Blaine, Topeka, numa versão alternativa do Kansas (Roland e os outros acabam descobrindo isso porque nem todos os detalhes daquele Kansas são iguais aos do outro Kansas). É ali, que pela primeira vez eles se deparam com a “lumina” e os “efeitos colaterais” que ela provoca. É a hora de Roland começar a contar aos parceiros de ka, a historia de como a busca pela torre começou.
Na historia (que compreende praticamente 80% do conteúdo do quarto volume) Roland e seus amigos Alan e Curtberth, são mandados para o baronato de Meijis (mais precisamente para o pequeno vilarejo de Hambry), pelo pai de Roland, em uma missão especial. Lá chegando, a primeira pessoa com quem Roland se encontra é a bela Susan, com seus longos e maravilhosos cabelos dourados, descendo em um enorme rabo de cavalo até a cintura. Susan havia acabado de visitar Rhea, a velha bruxa da colina Cöos, que a havia submetido a um teste de castidade, já que Susan fora prometida como concubina, ao prefeito da cidade Harthwell Thorin (sua mulher era incapaz de gerar filhos). É através de Susan, que Roland ouve falar pela primeira vez de Jonas, o integrante e chefe dos homens conhecidos como “os caçadores do grande caixão”, que formam a guarda pessoal do prefeito Thorin.
Roland e seus companheiros são convidados (após uma breve visita a delegacia da cidade) a fazer parte de um jantar especial, oferecido a eles pelo chanceler do prefeito, Kimba Rimer, em Seafront, a casa da prefeitura. É no jantar que Roland acaba conhecendo Jonas, o prefeito Thorin, Oliver Thorin, sua esposa, e Coral Thorin, irmã do prefeito e dona do estabelecimento conhecido como “Repouso dos viajantes”. Lá eles são convidados a se instalarem no Barra K, um pequeno conjunto de terras desocupado a tempos atras, por causa de um incendeio que destruiu tudo (com exceção do galpão onde eles irão se instalar).
Roland acaba se envolvendo em um tórrido romance com Susan Delgado, que após algum tempo ajuda os três novos amigos a destruírem Citgo, a antiga reserva de petróleo abandonada, que Farson (O homem bom) usaria para concluir seus planos. Assim eles acabam adiando em pelo menos vinte meses o ataque final do homem bom contra a federação. Porém, enquanto Roland e seus outros dois amigos (Alain e Curthbert) lutam para dizimar o resto da tropa de Farson (levando-os até o penhasco da Rocha Rolando, onde lá são engolidos pela lumina, recuperando no final das contas a bola de cristal do mago) Susan é captura por Rhea e Reynald, o ultimo sobrevivente do trio de caçadores do grande caixão. Roland vê todos os acontecimentos através da luz rosada da bola. Vê sua amada ser levada pela tia (que se encontrava sobre domínio do feitiço de Reah) e ser queimada viva, ovacionada pela multidão gritando em coro: “Arvore de chariou”.
Após contar aos amigos a sua historia, Roland e eles chegam a um palácio de vidro verde. Na sala do trono deste castelo (que parece ser uma replica enorme do mesmo castelo de OZ, em “O magico de oz”) eles acabam encontrando não OZ, mas o homem do tique taque (visto anteriormente em “as terras devastadas”). Com a morte de tique taque o verdadeiro dono do trono se apresenta, e ele é Martem Broadcloack – também conhecido como Randall Flagg, Richard Fannin, o homem de preto, e John Farson (o homem bom). Roland e seus amigos não conseguem matar Flag, mas conseguem bani-lo temporariamente. Flagg deixa um bilhete mandando que deixem a torre de lado, e avisando que esta seria a ultima oportunidade deles.
Uma ultima viagem é feita ao globo do mago, e lá eles acabam descobrindo que Roland matou a própria mãe, enquanto estava enfeitiçado pela velha bruxa da colina Coos (Rhea). Os andarilhos se vêem novamente em busca da torre negra, e é exatamente nesse ponto que termina mago e vidro.
Resenha
Mago e Vidro, o quarto volume da série A Torre Negra de Stephen King, é uma obra que se destaca por seu tom introspectivo e pela maneira como amplia a mitologia da saga, ao mesmo tempo em que revela detalhes cruciais sobre o passado de Roland Deschain. Diferente dos volumes anteriores, este livro mergulha profundamente na história pessoal de Roland, oferecendo uma narrativa que mistura romance, tragédia e amadurecimento em um cenário de fantasia sombria.
O livro se inicia imediatamente após o confronto com Blaine, o monorail enlouquecido introduzido em Terras Devastadas. Porém, o foco rapidamente se desloca para uma extensa narrativa em flashback, onde Roland conta ao seu ka-tet – Eddie, Susannah, Jake e Oy – sobre sua juventude em Gilead e sua primeira e mais marcante experiência amorosa. Essa mudança de perspectiva é um risco narrativo ousado, pois interrompe a progressão linear da jornada em direção à Torre. No entanto, King utiliza essa pausa para construir uma história envolvente e emocionalmente ressonante, que aprofunda a compreensão do leitor sobre o protagonista e os temas centrais da série.
A história de Roland em Mejis, uma cidade isolada onde ele e seus companheiros pistoleiros, Cuthbert Allgood e Alain Johns, são enviados em uma missão de aparente rotina, é carregada de simbolismos e metáforas que ecoam por toda a série. O relacionamento de Roland com Susan Delgado é central para a narrativa, representando uma interseção de desejo, dever e destino. Susan é mais do que um interesse amoroso; ela é uma força catalisadora para as escolhas de Roland, e sua tragédia molda o homem que ele se torna. O amor entre os dois é pintado de forma lírica, mas com uma inevitabilidade trágica que reflete o preço de se estar vinculado ao ka, o destino implacável que guia todos os personagens.
Mejis também funciona como um microcosmo do mundo maior que King constrói ao longo da saga. A cidade, com suas intrigas políticas, corrupção e ameaças sobrenaturais, simboliza a decadência do mundo que Roland habita. Os vilões da história, como o traiçoeiro Eldred Jonas e sua gangue, representam as forças de destruição e ganância que corroem tanto as estruturas sociais quanto os corações humanos. Esses elementos, combinados com a presença dos misteriosos globos mágicos conhecidos como Maerlyn’s Rainbow, criam uma atmosfera de tensão constante que mantém o leitor cativado.
O título do livro, Mago e Vidro, encapsula seus temas centrais. O vidro, representado pelo globo rosa de Maerlyn, é uma metáfora para a verdade distorcida e as armadilhas da obsessão. O globo permite que Roland veja eventos além de sua compreensão imediata, mas o custo é alto – tanto para ele quanto para aqueles ao seu redor. O mago, embora menos tangível, simboliza as forças manipuladoras e enganadoras que permeiam o mundo, desafiando a noção de livre-arbítrio e destacando o papel do poder e da ilusão na jornada dos personagens.
King também aproveita Mago e Vidro para explorar o tema do sacrifício. O destino de Susan, imolada em uma fogueira como resultado de traições e mal-entendidos, é um momento de devastação emocional tanto para Roland quanto para o leitor. É uma lembrança brutal de que a busca pela Torre Negra tem um custo pessoal profundo, algo que Roland carrega consigo em cada decisão que toma. Essa perda, e a forma como ela se conecta ao destino maior de Roland, reforça a complexidade moral do personagem e o dilema de seguir em frente a qualquer custo.
Ao retornar ao presente da narrativa, King consegue amarrar a história de Mejis com a jornada atual do ka-tet, criando uma continuidade que fortalece os laços entre os personagens. Roland não é apenas um líder, mas também um homem marcado por escolhas que ecoam através do tempo. A conclusão do livro prepara o terreno para os desafios futuros, enquanto deixa claro que a busca pela Torre é tão interna quanto externa – uma luta entre memória, arrependimento e propósito.
Mago e Vidro é uma obra magistral dentro da série A Torre Negra. Ele combina os melhores elementos da escrita de King – personagens profundos, narrativa rica e temas universais – em um livro que é tanto uma história de origem quanto uma peça essencial na saga maior. É uma reflexão poderosa sobre amor, perda e o preço da obsessão, ao mesmo tempo em que expande a mitologia de um dos mundos mais fascinantes já criados na literatura contemporânea.
Curiosidades
- O subtítulo/tema do livro é “LEMBRANÇA”.
- Leitores da versão sem cortes de A Dança da Mortepoderão ficar confusos. Na edição sem cortes, a história acontece nos anos 90, enquanto a original, nos 80. O livro traz o ka-tet daquele mundo em 1986. É subentendido que esse pode ser “outro quando”.
Conexões
- Humor usado como forma para derrotar o mal, o cérebro mecânico de Blaine é frito do esforço envolvido em responder as piadas e enigmas do livro de Eddie.
- Evidência de que a realidade é fina, é mencionado onde o Mundo Médio termina, e onde o Fim do Mundo começa. uma pessoa pequena. Devemos ser muito cuidadosos.
- O número 19
- Roland e sua turma se deparam com evidências de que eles entraram na versão do mundo que foi destruída pelo Capitão Viajante em A Dança da Morte.
- Em topeka uma das ruas se chama Gage Boulevard, parece o nome de Gage Creed de O Cemiterio.
- Um Graffiti no pedágio faz referência a muitos inimigos familiares (O Caminhante é um dos pseudônimos de Randall Flagg) e também há referência ao Rei Rubro
- Há uma referencia a Os Justiceiros, são homens jovens em bons cavalos, sem cicatrizes em seus rostos, sem tatuagens reguladoras em suas mãos, boas roupas, chapéus caros em suas cabeças.
- Coral lembra da visita de Sylvia Pittston a Hambry anos atrás, que apareceu pela primeira vez em A Torre Negra Vol. I: O Pistoleiro.
- Flagg grita bool a Jonas depois de realizar algum truque de mão, mesmo termo muito utilizado por Scott Landon em LOVE: A História de Lisey.
- Jake encontra uma nota no Kansas que menciona a mãe Abagail (assim como o homem negro).