Carrie (1974)
Ficha técnica
Título Original: Carrie
Título Traduzido: Carrie, Carrie, a Estranha
Ano de Publicação: 1974
Data de Publicação nos EUA: 05/04/1974
Personagens Principais: Carrieta White, Margaret White, Sue Snell, Chris Hargensen e Billy Nolan
Cidade da História: Chamberlain
Estados da História: Maine
Adaptações: Carrie, a Estranha (1976), Carrie, A Estranha (2013)
Derivados: A Maldição de Carrie (1999) / Carrie (2002)
Disponível no Brasil pelas Editoras: Nova Fronteira (1974) – Abril Cultural (1983) – Nova Cultural (1987) – Planeta DeAgostini (2004) – Objetiva (2007) – Ponto de Leitura (2009) – Suma de Letras (2013), Suma de Letras – Biblioteca Stephen King (2022)
Sobre o livro
Em todo colégio, sem exceção, sempre existe o bobo da sala, aquele que é sempre maltratado, seja por ser baixo demais, por ter um nariz grande demais ou mesmo por ter um físico frágil. Na escola de Carrie não é exceção, e o bobo da sala é a própria Carrie. Por ter uma mãe que é fanática religiosa, e por não ser exatamente um exemplo de beleza, Carrie White, com suas horríveis espinhas, foi apelidada na escola, dentre tantas outras denominações, de “Carrie, a estranha”. Após um garoto zombar dela, Carrie acaba derrubando-o da bicicleta apenas com a força da própria mente. Aos poucos a garota vai percebendo que tem um dom: telecinesia, o poder de mover as coisas com a mente. Munida de ódio e seu recém-descoberto poder, Carrie vai se vingar de todas as humilhações que passou e fazer com que todos que pisaram nela paguem muito caro.
King aborda a questão da criança que cresce em meio a um ambiente psicologicamente conturbado muito bem, talvez devido ao fato de que foi professor e acompanhou de perto a vida de alunos que passaram por diversos problemas com seus familiares. Suas experiências pessoais o ajudaram a traçar o perfil de Carrieta White, tornando-a semelhante à muitas outras crianças que sofreram e que ainda sofrem de bullying, mas que felizmente (ou seria infelizmente?) não possuem poderes telecinéticos para se defenderem dos agressores.
Diferente dos outros romances do autor, esse é mais verossímil (as notas jornalísticas colaboraram para dar um tom de “realidade” a história). Em Carrie, apesar de se deparar com uma garota com poderes psíquicos, os únicos monstros que você irá encontrar são os colegas de colégio de Carrie e sua própria mãe, uma fanática religiosa que não medirá esforços para fazer com que a filha ande supostamente na linha, segundo os preceitos que ela acredita, agradarem a Deus. O mal, nesse romance, tem rostos e nomes, e, apesar dos pesares, não é Carrie.
Apesar de ser o romance de estreia do autor, o tom narrativo é maduro em grande parte do romance. Além de notas jornalísticas, também temos descrições de audiências no tribunal, trechos de livros, reportagens e até mesmo um obituário. O que começou, inicialmente, como uma forma de expandir a história (reza a lenda que “Carrie” foi escrito em forma de conto, posteriormente “alongado” para que se transformasse no romance, após ter sido resgatado do lixo pela esposa de King, Tabitha) acabou dando o tom de realidade que a obra precisava para ser apreciada pelos leitores. Atualmente esse tipo de “técnica narrativa” é mais comum, porém, quando “Carrie” foi publicado, em 1974, poucos eram os escritores que utilizavam do artificio. Seu sucesso fez com que o livro fosse transposto para o cinema, num filme que carrega o mesmo nome do romance e que permitiu que Stephen King se estabelecesse como um dos maiores escritores de terror/suspense da atualidade.
Curiosidades e referências
Primeira novela publicada de King e quarta escrita. – King se baseou em dois colegas de escola para compor Carrie, eram irmãos de uma família rigorosamente religiosa e pobre, que eram motivo de chacota no colégio por usarem sempre as mesmas roupas.
É um dos livros frequentemente banidos nas escolas americanas (o filme foi banido na Finlândia).
Parcialmente escrito de maneira epistolar (desenvolvimento da história através de cartas, artigos e textos do gênero)..
Escrita na mesma máquina em que ele escreveu “Angústia” (Misery).
A história foi escrita originalmente como um conto para a revista Cavalier. King resolveu jogar o que já tinha escrito no lixo, mas sua esposa pegou de volta e o convenceu a terminar o conto, colaborando com sugestões e dando dicas da visão feminina do período de educação básica. O conto cresceu e acabou se tornando uma novela.
Na época da publicação, King mandou tirar o telefone da própria casa, porque seu salário de professor na Hampden Academy não era o bastante para os custos. William Thompson (mais tarde um amigo muito próximo de King), tentou contatar Stephen para lhe contar que “Carrie” havia sido aceito para publicação. Falhando no telefone, já que King não mais tinha um, William lhe mandou um telegrama que dizia: CARRIE É OFICIALMENTE UM LIVRO DA DOUBLEDAY. 2.500 DÓLARES DE ADIANTAMENTO PELOS ROYALITIES. PARABÉNS, GAROTO – O FUTURO JAZ À FRENTE, BILL.
King soube da aceitação do livro por uma editora por telefone, estando sozinho em casa e relata a situação em On Writing, comentando que jamais pensou que um livro como Carrie fosse ser aceito e tão bem remunerado.
King faz duas “aparições” especiais no livro. A primeira delas é como professor de Carrie, Edwin King (Edwin é o nome do meio do autor), a outra é como o cantor popular que se apresenta no baile de formatura da escola Ewen High, John Swithen. Esse era o pseudônimo usado por King, quando publicou seu conto “A quinta quarta parte” na revista Cavalier.
O livro faz uma aparição no primeiro episódio da terceira temporada de “Lost”. Na cena, o livro é escolhido pela personagem Juliet num “clube literário”.
Um dos cantores da formatura de Carrie chamava-se John Swithen. Esse nome foi usado por King como pseudônimo (sim, ele teve outro além de Bachman) uma única vez em 1972, com a publicação do conto A Quinta Quarta Parte.
Antes de se tornar um romance, Carrie era um conto que iria ser publicado na revista Cavalier. No livro, The Cavalier é um bar à beira da estrada.
A campainha de Estelle Horan toca a melodia de “Hey Jude” assim como foi tocada em um piano antigo em Tull em “O Pistoleiro”, primeiro livro da saga “A Torre Negra”.
Conexões
CARRIE E A AUTO ESTRADA: A mãe de Carrie, Margaret White, trabalha na lavanderia Blue Ribbon, mesmo local onde trabalha Barton Dawes no livro A Autoestrada.
CARRIE E A MÁQUINA DE PASSAR ROUPAS: A lavanderia Blue Ribbon é o cenário para o conto A Máquina de Passar Roupas, da coletânea Sombras da Noite.
CARRIE E QUATRO ESTAÇÕES: Teddy Duchamp é dono do Teddy’s Amoco em Chamberlain. Quando a cidade é destruída por Carrie, ele se muda para Castle Rock e abre uma loja nessa cidade. Ele era o tio de Teddy Duchamp, amigo de Gordy Lachance, no conto O Corpo, da coletânea Quatro Estações. O mesmo Teddy Duchamp é mencionado no livro Trocas Macabras.
CARRIE E JOHN SWITHEN: Um dos cantores da formatura de Carrie se chama John Swithen. Esse nome foi usado por King como pseudônimo (sim, ele teve outro além de Bachman) uma única vez em 1972, com a publicação do conto A Quinta Quarta Parte.
CARRIE E STEPHEN KING: Edwin King é o professor de inglês de Carrie. Edwin é o segundo nome de Stephen King.
CARRIE E STEPHEN KING: O aniversário de Carrie é no dia 21 de setembro, no mesmo dia do Stephen King.
CARRIE E ROSE RED: Em um dos trechos de Carrie ficamos sabendo da chuva de pedras que atingiu a casa dela. No filme “Rose Red” (escrito por King direto para a tv) a cena é recriada, acontecendo agora com outra garotinha que tem poderes semelhantes aos de Carrie.
CARRIE E CASTLE ROCK: A cidade de Motton é mencionada, cidade visinha de Castle Rock e Chesters Mill
CARRIE E NOVEMBRO DE 63: Lee Harvey Oswald, personagem em Novembro de 63 é citado na história.
CARRIE E CHRISTINE: O carro de Billy Nolan é descrito no livro como: “Este lhe transmitia poder e glória por suas próprias linhas de força.… O carro era seu deus, seu escravo.” Um pouco de Christine, ou eu estou vendo coisas?
CARRIE E O APANHADOR DE SONHOS: Quando Carrie lê os pensamentos de Sue Snell, o seguinte trecho é descrito: “Sua mente e seu sistema nervoso eram como uma biblioteca. Alguém a percorria em desesperada procura, os dedos correndo ligeiros pelas prateleiras, tirando alguns livros, examinando-os, devolvendo uns a seus lugares, deixando cair outros…”. Em Apanhador de Sonhos, as memórias de Jonesy estão guardadas em caixas, colocadas em estantes. Seria uma mera coincidência?
Menções e referências a "Carrie" em outros livros
Após um incêndio, Johnny Smith é acusado de ter o causado com a sua mente. Patty Strachan o acusa dizendo “É culpa daquele cara lá! Ele fez acontecer! Ele botou fogo com sua mente, como no livro Carrie!”, no livro “A Zona Morta”.
Dinky Earnshaw pergunta para Jake Chamber se ele sabe “o que significa passar toda a sua vida do lado de fora, ser todo o tempo alvo de piada, ser sempre Carrie na porra do baile de estudantes?”, em A Torre Negra Vol. VII.
Semelhante ao acontece em Carrie, Susannah Dean se recorda de quando tivera sua “primeira menstruação durante uma aula de educação física… algumas garotas tinham começado a entoar: TAMPE-SE!, como se fosse a coisa mais engraçada do mundo”, em A Torre Negra VII.
Vídeos
Edições brasileiras
Carrie é um dos dois livros (o outro sendo O Iluminado), com o maior número de edições no Brasil. O livro foi lançado pela primeira vez em 1975 com tradução de Erika R. Engert Rizzo. Em 2001, a Editora Objetiva relançou o livro com nova tradução de Adalgisa Campos da Silva. Como parte da Coleção Biblioteca Stephen King, o livro foi relançado em 2022 pela Editora Suma em edição especial com conteúdo extra e com nova tradução de Regiane Winarski.