Canção de Susannah

Ficha técnica
Título Original: The Dark Tower – Volume VI: Song of Susannah
Título Traduzido: A Torre Negra – Volume VI: Canção de Susannah (2006 – Presente)
Ano de Publicação: 2004
Páginas: 408 (Edição de 2006 – Objetiva/Suma)
Personagens: Roland Deschain, Susannah Dean, Jake Chambers, Eddie Dean, Stephen King
Conexões: Todo o universo já escrito por King
Personagens Citados: –
Disponível no Brasil pelas Editoras: Objetiva (2006), Suma de Letras/Suma (2012); Ponto de Leitura (2013)
Sobre o livro
Depois da batalha de Calla, um dos integrantes do ka-tet acaba se separando dos demais. A continuação da busca pela Torre Negra levará Roland e Eddie a conhecerem um personagem inesperado e decisivo para o destino de todos os mundos: o próprio Stephen King. Agora, o Pistoleiro e seus amigos precisam correr para salvar a Rosa, ao mesmo tempo em que descobrem a verdade sobre a medonha gravidez de Susannah.
Resumo
Resumo do livro 6 – Canção de Susannah (Atenção: Este resumo contém partes importantes do enredo – “Spoilers”)
O penúltimo volume da “Torre Negra” começa com uma reunião entre o ka-tet de Roland e o povo Manni de Calla. Na reunião eles decidem que irão tentar abrir a porta na gruta com ajuda dos Mannis, e partiram em busca de Susannah e Mia. Um tempo depois, enquanto Eddie e Jake confabulavam, um grande clarão é visto no horizonte, seguido de um tremor de terra. Roland explica para seus amigos assustados que aquilo não foi um terremoto comum. Foi um “feixemoto”. Um dos feixes de luz que sustenta a torre negra havia acabado de cair, e pelas contas de Roland, agora só restavam pelo menos dois feixes.
Chega o momento de partir em busca de Susannah. Na gruta do vão da porta, com a ajuda de quarenta Mannis com seus imãs magicos, Eddie, Jake, Oi, Roland e Callahan conseguem atravessar a porta (na verdade foi muito mais do que isso, já que todos foram literalmente puxados pela porta). Eddie e Roland vão parar na Nova York de 1977, e tem a missão de encontrar Calvir Tower, e concluir o que Eddie havia começado anteriormente, que é comprar o terreno baldio de onde brota a rosa. Jake, Oi e Callahan vão parar na Nova York de 1999, a mesma onde Mia e Susannah se encontram, e tem a missão de encontrar e salvar Susannah.
Susannah ajuda Mia com o seu xapinha, em troca de algumas explicações por parte da “filha de ninguém”. Mia então conta a Susannah o que ela realmente é, e de quem é o filho que ela carrega em seu ventre. Enquanto isso, na chegada até a Nova York de 1977, Roland e Eddie são emboscados pelos homens de Balazar, mas conseguem fugir com a ajuda de um homem que eles encontram no lugar, chamado John Collum. E com a ajuda de Collum, Roland e Eddie finalmente conseguem encontrar Calvin Tower, mas ao contrario do que foi antes, o homem não se encontrava disposto a vender o terreno baldio onde brotava a rosa. Após uma difícil confabulação (principalmente para Eddie, que tinha vontade de matar Tower por causa da quebra de sua promessa em um momento crucial) Tower finalmente decide vender a propriedade, com a promessa por parte de Roland, de que receberá o valor adequado pela venda futuramente. Antes de partirem, Eddie diz a Roland que sente que eles devem ir atrás do homem que escreveu a historia de Callahan naquele mundo, Stephen King. Os amigos então partem em busca de sai-king que quase tem um ataque do coração ao se encontrar frente a frente com personagens que antes só existiam em sua mente.
Na Nova York de 1999, Jake recebe um bilhete da recepcionista do hotel onde Susannah estivera hospedada, antes de partir para o Dixie Pig, o lugar onde daria a luz ao seu chapinha. No bilhete (escrito por um tal de Stephen King) há um lembrete sobre a chave. “Dad-a-chum, dad-a-chá, não se preocupe, você tem a chave.” Jake e Callahan usam o MagCard que havia no bilhete para ter acesso até o quarto onde Susannah/Mia estava hospedada, e lá eles se apoderam do treze preto e dos pratos de Oriza que Susannah havia utilizado na batalha contra os lobos. Em seguida os dois partem para o Dixie Pig, para resgatar Susannah, Mia e o bebê que cresce em seu ventre.
No Dixie Pig, Susannah/Mia começa a dar a luz a seu filho, que se chamará Mordred.
Resenha
Canção de Susannah, o sexto volume da saga A Torre Negra, de Stephen King, é uma obra que explora o conceito de fragmentação, tanto literal quanto metafórica, enquanto aprofunda a jornada de Roland Deschain e seu ka-tet. O livro é notoriamente diferente dos outros volumes da série, funcionando como uma ponte entre os eventos de Lobos de Calla e o clímax vindouro. Embora seja mais introspectivo e menos focado em ação, é uma peça essencial no mosaico que King constrói, repleto de simbolismos, escolhas narrativas ousadas e reflexões sobre identidade e destino.
No centro da narrativa está Susannah Dean, que vive uma intensa luta interna enquanto carrega Mia, a entidade que compartilha seu corpo. Essa dualidade física e psicológica é uma metáfora poderosa para os conflitos de identidade e a sensação de perda de controle que permeia a vida de muitas pessoas. Susannah é uma mulher de força inabalável, e sua luta contra Mia reflete uma resistência ao destino imposto, ecoando um tema central da série: o confronto entre livre-arbítrio e predestinação. A gravidez de Mia, que desafia as leis naturais e a compreensão humana, é o catalisador dos eventos do livro, e seu simbolismo é rico em interpretações. Pode-se entendê-la como uma representação da criação forçada, do sacrifício involuntário ou até mesmo da fusão de forças opostas – o humano e o sobrenatural, o bem e o mal.
A estrutura fragmentada do livro reflete a própria narrativa. King divide o ka-tet, enviando Roland e Eddie Dean para 1977 e Jake Chambers, Padre Callahan e Oy para Nova York em 1999. Essa separação não apenas cria tensão narrativa, mas também simboliza a vulnerabilidade de um grupo que até então parecia invencível em sua união. Cada linha temporal possui seu próprio tom e ritmo, explorando diferentes aspectos do multiverso de King e conectando A Torre Negra ao restante de sua obra. Essa fragmentação, no entanto, é cuidadosamente orquestrada, reforçando o tema da interconexão que permeia toda a série.
A introdução do próprio Stephen King como personagem na história é uma escolha que pode parecer ousada ou até pretensiosa, mas, dentro do contexto da narrativa, funciona como uma reflexão metalinguística sobre o papel do autor como criador e a responsabilidade que isso acarreta. King não se apresenta como uma figura onipotente; pelo contrário, ele é vulnerável, confuso e frequentemente assombrado por seu próprio ka. Essa inclusão subverte as expectativas do leitor e levanta questões filosóficas sobre o processo criativo, a mortalidade e a ideia de que histórias têm vida própria, muitas vezes além do controle de seus criadores.
O uso de Mia como antagonista também é uma escolha interessante. Embora ela seja, em certo sentido, uma vítima de circunstâncias maiores, sua aliança com as forças do mal e sua determinação de dar à luz um ser que poderia ameaçar a própria existência criam um dilema moral complexo. A interação entre Mia e Susannah é carregada de tensão, não apenas pela disputa de controle, mas também pelas conversas íntimas e reveladoras que elas compartilham. Essas trocas humanizam Mia de maneira inesperada, enquanto reforçam a resiliência de Susannah.
Outro ponto alto do livro é a exploração do Dixie Pig, o restaurante que serve como fachada para uma base das forças sombrias que ameaçam o multiverso. Esse cenário é um microcosmo da decadência e corrupção que permeiam o mundo de A Torre Negra, com suas descrições grotescas e atmosfera opressiva. O Dixie Pig não é apenas um local físico; é um símbolo do poder das trevas, um lembrete da luta titânica que Roland e seu ka-tet enfrentam.
A escrita de King em Canção de Susannah é mais introspectiva e lírica do que nos volumes anteriores, refletindo a natureza pessoal e psicológica dos conflitos apresentados. Há uma ênfase na linguagem simbólica, com referências a canções, profecias e sonhos que ampliam a dimensão mística da história. A repetição do tema da maternidade – tanto no caso de Susannah/Mia quanto no destino da Torre Negra – adiciona camadas emocionais e universais à narrativa.
Embora o ritmo mais lento e a estrutura episódica possam frustrar alguns leitores, Canção de Susannah é uma exploração essencial de temas centrais da saga, como sacrifício, destino e a natureza do ka. É um volume que exige paciência e atenção, mas recompensa aqueles que mergulham em suas nuances com uma visão mais profunda sobre os personagens e o universo que King construiu. É uma preparação intensa e melancólica para os eventos que estão por vir, um lembrete de que a jornada para a Torre Negra é tanto interna quanto externa, e que cada escolha, cada sacrifício e cada canção têm um papel a desempenhar na história maior.
Curiosidades
- O subtítulo do livro é “REPRODUÇÃO”.
- Concorreu como melhor livro de fantasia no Locus Awardde 2005.
Conexões
- É dito que Cuthbert e Eddie são duplos.
- 19 de junho de 1999 (Stephen King acorda de um sonho e percebe que ele está escrito em seu sonho: “19/06/99, O Discordia”. Ele é mais tarde atingido por uma van e morto em Lovell, Maine nesta data.
- A menção a Jack Torrence, depois que Eddie e Roland saem, Stephen King se vê pensando em A Torre Negra e em alguns de seus outros trabalhos.
- A menção a Mac McCutcheon (de A Hora do Lobisomen), Floyd Calderwood (de It, A Coisa), Sully John (de Heart’s in Atlantis), Chip McCausland (de Os Estranhos) e Rose Daniels (de Rose Madder)
- O padre Callahan desempenha um grande papel neste livro.
- Menção aos Can Toi.
- Menção a Carrie White, quando Eddie e Roland perguntam a John Cullum sobre “Salem’s Lot”, ele conta um pouco mais sobre seu autor.