Billy Summers

Ficha técnica

Título Original: Billy Summers
Título Traduzido: Billy Summers
Ano de Publicação: 2021
Páginas: 472 (Editora Suma)
Data de Publicação nos EUA: 03/08/2021
Personagens: Billy, Alice, Ray, Jim, Bobby
Conexões: O Iluminado, A Dança da Morte
Personagens Citados: Overlook Hotel
Disponível no Brasil pelas Editoras: Editora Suma (2019)

Sobre o livro

Billy é um veterano de guerra e contrata um assassino contratado. Seu último emprego é tão lucrativo que deveria ser o último. Depois disso, ele quer começar uma nova vida. Mas ele se envolveu com apoiadores poderosos e, em última análise, ele mesmo está na mira. Na fuga, ele salva a jovem Alice, vítima de estupro coletivo. Billy tem que escolher. Ele está seguindo o caminho da vingança ou da justiça? Existe alguma diferença? De qualquer maneira, a resposta está no fim da estrada.

Resenha

Billy Summers, de Stephen King, é um livro que une elementos clássicos do autor com uma história de redenção e busca por um propósito, enquanto explora a natureza humana em suas várias camadas. Billy, o protagonista, é um assassino de aluguel que se vê imerso em um jogo moral complexo após ser contratado para eliminar um alvo, mas acaba percebendo que a missão está longe de ser tão simples quanto parecia. Essa trama se desvia da típica narrativa de thriller de ação e se concentra em aspectos mais íntimos e psicológicos, com King utilizando sua habilidade única de mesclar o sobrenatural com a realidade de maneira sutíl.

Através de Billy, King constrói uma reflexão sobre os dilemas éticos e existenciais que surgem quando um indivíduo decide buscar a redenção. O personagem principal é um homem marcado pela violência de sua profissão, mas que se vê em uma jornada de autodescoberta ao longo da história. O fato de Billy ser um ex-soldado da guerra do Iraque traz uma camada profunda ao livro, pois explora as cicatrizes invisíveis da guerra e o impacto de traumas não resolvidos na vida do indivíduo, trazendo uma analogia com as cicatrizes da sociedade como um todo.

O título do livro, Billy Summers, serve como uma metáfora sobre a natureza fugaz e incerta da vida, e como cada uma de nossas escolhas, por mais pequenas que sejam, molda nosso destino de maneira permanente. A busca por uma saída dessa vida de violência, simbolizada pelo desejo de Billy de “desaparecer”, evoca um reflexo do desejo humano de se livrar do peso das próprias ações e de um passado que, embora desejemos enterrar, sempre encontra uma maneira de nos seguir.

Além disso, as ações de Billy e a maneira como ele se relaciona com outros personagens – como o jovem chamado Alice, a quem ele se sente protetor – fazem com que o livro toque em questões sobre lealdade, confiança e redenção. Alice, em particular, funciona como uma figura de contraste, representando uma nova chance para Billy, mas também a realidade de que ele não pode escapar de sua própria sombra, não importa o quanto tente.

Outro aspecto importante de Billy Summers é como a história se desvia da estrutura tradicional de um romance de mistério. Em vez de uma resolução linear, o livro investe mais na reflexão e no caráter dos envolvidos, enquanto King tece sua história ao longo de camadas temporais e lembranças fragmentadas, que surgem aos poucos. Esse uso de flashbacks e as mudanças de perspectiva criam um ritmo único, que é menos sobre a resolução do crime e mais sobre a jornada interna de Billy para descobrir o que ele realmente quer da vida.

Há também uma crítica social implícita no livro, especialmente no que diz respeito à corrupção das instituições e aos jogos de poder que moldam as realidades dos indivíduos. O tema do assassinato contratado, por exemplo, é tratado não apenas como uma profissão, mas como uma consequência de um sistema maior, onde a moralidade é muitas vezes manipulada por forças invisíveis, como o governo e os interesses financeiros.

Em Billy Summers, King consegue mesclar a violência, o suspense e a reflexão filosófica com maestria, criando uma obra que vai além de um simples thriller psicológico. A narrativa complexa e a construção de personagens profundos fazem deste livro uma meditação sobre os limites da redenção e a luta eterna do ser humano para encontrar significado em um mundo caótico e imprevisível.

Referências Locais

  • Lobo menciona que durante a sua transformação evitou lugares sagrados, pois em lugares sagrados ele não podia matar.
  • Morgan Sloat é de Akron, Ohio. Apesar de Akron realmente existir, King provavelmente escolheu o nome por ser parecido com a palavra “Aqueron” (infortúnio, em grego). Na mitologia grega, o Rio Aqueron ficava no mundo dos mortos, controlado pelo deus Hades. O rio separava o portão dos mortos, do reino de Hades, e para atravessar seria necessário pagar moedas de ouro ao barqueiro Caronte. Leland Gaunt também é menciona Akron em Trocas Macabras. 

Curiosidades

  • O romance teve o título provisório O Assassino (The Assassin).
  • Em contraste com muitos outros livros de Stephen King, há apenas um breve reconhecimento em Billy Summers, em vez de um posfácio incluindo a gênese. Mas em uma entrevista para a Esquire, King conta como o romance surgiu:

“Os livros chegam até mim peça por peça. Eu apenas coleciono as partes individuais na minha cabeça e em algum momento elas se conectam umas com as outras. Com Billy Summers, a primeira peça foi esta imagem: eu vi um homem em um apartamento de porão olhando para fora janela quando seria um periscópio e ele poderia ver os pés das pessoas passando na calçada. Brinquei com isso por um tempo. O que aquele cara está fazendo? Por que ele está aí? O que tudo isso significa? Depois de um tempo brincando com isso, de repente, vi o mesmo cara em um escritório, talvez no quarto ou quinto andar, perto de um tribunal. O que ele está fazendo? Bem, ele vai atirar em alguém. Ele vai atirar em uma pessoa má.

Essas duas coisas foram ligadas. Pensei comigo mesmo: “Ele vai atirar nessa pessoa má e depois se esconder neste apartamento no porão, onde todos os pés estão passando.” A partir dessas duas coisas, toda a história se desenvolveu. Nem sempre funciona assim para mim, mas desta vez funcionou e acabou sendo um livro. Isso faz algum sentido? Disse Stephen King em uma entrevista com a Esquire.

  • Nos anos 1980, Stephen King flertou com a ideia de escrever uma história sobre um assassino de aluguel. Em Pesadelos e Paisagens Noturnas, King explica que o conto “Meu Cavalinho Bonito” deveria ter sido, na verdade, um romance. O livro traria um grupo de assassinos traído por seus empregadores, e cujos integrantes seriam eliminados um a um. Em determinado capítulo da trama, o protagonista, Clive Banning, refletiria sobre uma conversa que teve com seu avô, quando criança, sobre a natureza plástica do tempo. King acabou desistindo de seguir após perder o interesse na história, mas resgatou esse trecho específico que acabou se tornando “Meu Cavalinho Bonito”.
  • Outras histórias de King com assassinos de aluguel como protagonistas são os contos “Campo de Batalha” e “Man With a Belly”.
  • De acordo com o autor, o romance seria originalmente situado no ano de 2020, porém, por causa da pandemia causada pelo COVID-19, ele decidiu estabelecer a história em 2019, para não precisar adaptá-la aos acontecimentos gerados pela propagação do vírus.

Referências Locais

  • Em sua jornada pelos Estados Unidos, Billy e Alice param em Hemingford Home.
  • Bucky, o agente de Billy, mora em Sidewinder e se esconde lá após a missão. Billy e Alice juntam-se a nós.
  • Há também um GoMart da Zoney neste livro.

Referências Narrativas

  • No final do romance, Billy e Alice se escondem nas montanhas com Bucky. Há uma pequena cabana lá onde Billy está escrevendo seu romance. De lá, você pode ver os restos carbonizados do Overlook. Alice até viu uma miragem do hotel uma vez. Além disso, há uma pintura dos animais sendo pendurados na pequena cabana e Billy “imagina” que eles estão se movendo.
  • Billy não gosta muito de revistas como Inside Vie, a mesma revista vista no romance A Zona Morta, no conto O Piloto da Noite, e em tantas outras histórias de King.

Assuntos Recorrentes

  • O personagem principal é um escritor, Billy Summers inicialmente se finge de escritor para construir seu disfarce e em decorrência a isso ele realmente escreve um livro de memorias.
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