A Escolha dos Três

Ficha técnica
Título Original: The Dark Tower II – The Drawing of the Three
Título Traduzido: A Torre Negra II – A Escolha dos Três
Ano de Publicação: 1987
Ano de Publicação no Brasil: 2004
Personagens Principais: Roland Deschain, Eddie Dean, Detta/Odetta Holmes, Jake Chambers, Jack Mort, Henry Dean, Enrico Balazar
Cidade da História: Nova York (Nova York)
Estados da História: Nova York
Disponível no Brasil pelas Editoras: Editora Objetiva/Suma (2004)
Sobre o livro
“A Torre Negra – A Escolha dos Três” é o segundo livro da saga “A Torre Negra”. Escrito em 1970 e publicado originalmente pela Donald M. Grant em 1987, trás o Pistoleiro Roland Deschain de volta em busca de seu “santo graal” particular, A Torre Negra, eixo central de todo o tempo e espaço. Para que possa alcançar seu objetivo, Roland tem que recrutar 3 personalidades em 3 diferentes portas que levam para 3 lugares diferentes no espaço e no tempo. Recheado de referências a cultura pop contemporânea, é a partir de A Torre Negra – A Escolha dos Três, que a história de Roland começa a ficar realmente interessante.
Resumo Detalhado
O segundo livro, da série de 7 livros sobre a torre, “A escolha dos três”, começa com Roland de Gilead na mesma praia na qual ele parou no ultimo livro, e observou o por do sol no horizonte. Roland esta cansado, e pelo menos 10 anos mais velho. Mas a disposição para encontrar a torre negra tornou-se maior, assim como a sua idade.
A noite chega, e na praia Roland é atacado por monstros que saem da água, que ele acabou batizando de “Lagostrosidades” (por serem monstros levemente parecidos com lagostas). No ataque feroz das lagostrosidades ele acaba perdendo dois dedos da mão direita, e um do pé. Somente depois de sofrer tamanho desfalque é que o pistoleiro percebe o quão perigosas são aquelas criaturas, e acaba mantendo uma certa distancia da praia, principalmente a noite, que é quando elas saem da água, emitindo seus ruídos e perguntas num estranho dialeto que se limita a “chic´s chic´s” e “chuc´s chuc´s”.
Após enfrentar as criaturas, ainda na praia, Roland encontra a primeira, das três portas que se abrem para outros mundos. Na porta esta a descrição: “O prisioneiro”, e é dela que Roland vai recrutar o primeiro membro do seu novo “Ka-tet”. Ele é Eddie Dean. Um viciado em heroína da Nova York dos anos 80, que se encontrava fazendo um “trabalhinho” de contrabando para o mafioso Enrico Balazar.
Na segunda porta Roland irá encontrar a Dama das Sombras, que na verdade é Odetta Holmes. Uma bela jovem negra, da década de 60, que perdeu as pernas em um terrível acidente (ao menos ela pensa que foi um acidente). O que Roland não sabia quando a “recrutou” é que Odetta Holmes sofria de dupla personalidade, e compartilhava o mesmo corpo com uma mulher de personalidade completamente diferente chamada Detta Walker.
Na terceira porta, com a descrição “O empurrador”, Roland irá encontrar “A morte” (“mas não para você pistoleiro”), que virá na forma do assassino em série “Jack Mort”. Roland utiliza o corpo de Mort para conseguir balas para a sua arma e remédios que possam controlar a doença que se manifestou em seu corpo, e foi causada pelas mordidas da “lagostrosidade”. Mort tem uma incrível ligação com o passado de Odetta/Detta, na qual Roland não acredita ser mera coincidência.
O segundo livro termina com um novo Ka-tet formado. Roland agora tem novos parceiros (e novos pistoleiros) que se juntaram a ele, em busca de sua tão cobiçada “Torre negra”. Mas ainda há muitos caminhos a serem percorridos.
Resenha
A Escolha dos Três, segundo volume da série A Torre Negra, aprofunda e expande a mitologia do universo criado por Stephen King, trazendo uma nova complexidade à jornada de Roland Deschain em direção à Torre Negra. Esse livro é marcado pela introdução de novos personagens e pela exploração das conexões entre o mundo de Roland e o nosso, ampliando as camadas simbólicas e narrativas que tornam a série tão fascinante.
A estrutura de A Escolha dos Três é moldada em torno das portas mágicas que Roland encontra ao longo de uma praia desolada. Cada porta leva a um momento e lugar no “nosso” mundo, e através delas, Roland recruta três companheiros essenciais para sua missão: Eddie Dean, Odetta Holmes (também conhecida como Detta Walker) e Jack Mort. Esses personagens, que são ao mesmo tempo complexos e imperfeitos, representam aspectos variados da condição humana e dos conflitos que moldam a psique.
Eddie Dean, um jovem viciado em heroína, simboliza a luta pela liberdade e redenção pessoal. Ele é uma figura que personifica o potencial humano para superação, mesmo diante das mais terríveis adversidades. Através de Eddie, King explora temas como a dependência, a força do vínculo familiar e a busca por uma nova identidade. Eddie se torna uma âncora emocional para Roland, desafiando-o a reconsiderar suas ações e prioridades.
Odetta Holmes e Detta Walker, duas personalidades que habitam o mesmo corpo, representam uma dicotomia fascinante entre bondade e violência, racionalidade e caos. A dualidade dessas personalidades é um reflexo das forças conflitantes que existem dentro de todos nós, e sua luta por integração simboliza a busca por equilíbrio e identidade. Essa complexidade psicológica, alinhada ao pano de fundo racial e social da época em que Odetta vive, adiciona profundidade à narrativa e destaca a habilidade de King em explorar questões sociais dentro de um contexto fantástico.
Jack Mort, o terceiro “escolhido”, é uma figura sombria e perturbadora que encarna o mal banal e a destrutividade deliberada. Mort é mais uma antítese do que um aliado, um personagem que força Roland a confrontar os limites de sua moralidade e pragmatismo. Ele serve como um catalisador para algumas das decisões mais críticas de Roland, destacando o tema da escolha que permeia o livro.
A jornada de Roland ao longo da praia, enfrentando os horrores dos lobstrosidades e lidando com suas próprias limitações físicas após perder dois dedos, é um simbolismo claro de resiliência diante da adversidade. Roland é forçado a adaptar-se, a depender dos outros e a confrontar sua própria humanidade de maneiras que antes pareciam impossíveis. A figura do pistoleiro, antes um arquétipo de força solitária, começa a se transformar em algo mais vulnerável e multifacetado.
King também usa as portas como um meio para explorar as interconexões entre os mundos e para questionar a permeabilidade das barreiras entre realidades. Esses momentos destacam o quanto o universo de A Torre Negra é intrinsecamente ligado ao multiverso criado por King, com referências sutis a outras obras do autor. Esse conceito de mundos paralelos e destinos entrelaçados é um tema recorrente, sugerindo que cada escolha e ação ressoam além de seus contextos imediatos.
A Escolha dos Três é uma exploração mais profunda do tema da interdependência, mostrando que a jornada de Roland não pode ser realizada sozinho. Ao mesmo tempo, é uma obra que desafia as noções tradicionais de heroísmo, apresentando personagens imperfeitos e narrativas que desconstroem expectativas. Com sua escrita cativante e repleta de nuances, Stephen King constrói um segundo capítulo memorável, pavimentando o caminho para os desafios mais grandiosos e complexos que estão por vir na saga da Torre Negra.