Título Original: From a Buick 8
Título Traduzido: Buick 8
Ano de Publicação: 2002
Ano de Publicação no Brasil: 2003
Adaptação: —
Páginas: 464 (Ponto de Leitura, Edição de 2014)
Tradução: Adalgisa Campos da Silva
Disponível no Brasil pelas Editoras: Objetiva (2003), Planeta DeAgostini (2004), Objetiva (2007), Ponto de Leitura (2014), Suma de Letras (2013)
SINOPSE
Depois da morte do policial Curtis Wilcox, Ned, seu filho de 18 anos, começa a visitar a delegacia onde o pai trabalhava. O sargento Sandy Dearborn, melhor amigo de Curtis no esquadrão, percebe a curiosidade do rapaz e decide compartilhar com ele uma estranha história, mantida em segredo há anos pela polícia da Pensilvânia.
Antes de Ned nascer, o policial Ennis Rafferty e Wilcox atendem a uma chamada de um posto de gasolina e voltam para a delegacia com um Buick abandonado. O pai de Nedm conhecia carros antigos e, desde o início, notou que havia algo de muito errado com aquele. Poucas horas depois, Ennis desaparece sem deixar rastros.
As investigações sobre o Buick, lideradas por Curtis, revelam detalhes cada vez mais estranhos: ele se recuperava sozinho de qualquer avaria, era invulnerável à sujeira e a arranhões de toda espécie e seu motor não funcionava. No entanto, os policiais não conseguem decifrar o mistério.
Agora, mais de 20 anos depois, Ned descobre o Buick e, intrigado com o possível envolvimento do carro na morte de seu pai, começa a investigar o mistério desafiador, sobrenatural e mortífero.
CRÍTICA
Admito que “Buick 8” foi um livro que permaneceu durante muito tempo na minha estante, apenas enfeitando ela, por um simples motivo. Sempre que eu olhava para ele e lia sua sinopse eu pensava: “Isso deve ser um Christine 2 da vida”. Não que Christine tenha sido um livro ruim, muito pelo contrário (ainda me lembro, com certa nostalgia, da primeira vez que embarquei nas irresistíveis curvas daquele Plymouth Fury envenenado). A questão é que eu passava por um momento da minha vida em que eu simplesmente não queria ler um livro que tivesse um enredo sequer parecido com outro que eu lera e do qual eu gostava muito, pelo simples fato de ter quase certeza que me decepcionaria. Felizmente Deus nos deu o dom da curiosidade para aplacar estes momentos e eu acabei me aventurando na bonita edição de bolso (adoro livros de bolso) do selo Ponto de Leitura e agora posso dizer com total convicção: QUE LIVRO BOM!
Não que seja um dos melhores. Buick 8 está muito longe dos clássicos “O Iluminado”, “Dança da Morte” e até mesmo “Christine” (cuja única semelhança com Buick está apenas no fato de ambos serem carros), mas isso não me impediu de simplesmente devorar quase todas as páginas do livro em pouco mais de dois dias. Apesar de ter a sensação de que o livro havia começado em um lugar e no final não levara a lugar algum, a prosa do tio Steve flui de maneira tão natural (ou sobrenatural) quanto o misterioso Buick que um dia apareceu do nada em um posto de gasolina da Pensilvânia.
A história inteira é narrada pelos policiais que conviveram com o Buick durante os anos que se passaram, desde o desaparecimento misterioso do policial Ennis Rafferty até os dias atuais, por isso você terá não apenas um, mas vários pontos de vista convergindo para uma só ação e neste aspecto, em especial, reside um dos poucos pontos fracos do livro que eu encontrei. Acabei o romance com a a impressão que que os personagens foram trabalhados muito superficialmente e que Steve se empenhou mais com o desenrolar da trama do que com os aspectos inerentes às personalidades deles, que poderiam ser melhor exploradas. O filho do personagem Curtis Wilcox, por exemplo, passa boa parte do tempo pressionando os policiais para contarem as antigas histórias do pai com o Buick 8, como uma forma de “se apegar ao passado” e manter a memória do pai viva, mas você só sente de verdade a intensidade dessa ligação emocional entre eles apenas no final (que eu não vou contar aqui para não soltar spoilers, é claro) e em boa parte do livro ela é deixada de lado, para dar lugar às histórias do Buick que, é claro, são interessantes, mas que, ao invés de funcionarem mais como um pano de fundo para um drama que fala sobre a dificuldade em lidar com a perda de um ente querido (o “Fantasma” do Buick é uma representação metafórica do fantasma do próprio pai), acabam se tornando o plot principal e você começa a se perguntar o que diabos pode ser aquele Buick!?
É claro que este “pequeno defeito” é mais uma opinião pessoal (e vocês, Leitores Constantes, estão livres pra discordar), o que não denigre ou diminui minha opinião inicial sobre o romance. É um ótimo livro, que sem dúvida evoca características do velho e bom Steve em ação. O terror crescente, o suspense cuidadosamente trabalhado, a prosa envolvente, mas sem pressa, característica de grande parte dos seus livros… Tudo isso está ali, como um dos seus inúmeros monstros, apenas esperando pelo momento propício para puxá-lo para debaixo da cama e comê-lo vivo. Ou, quem sabe, escondê-lo para sempre no interior do porta-malas de um velho Buick Roadmaster.
CURIOSIDADES
46º Livro publicado por Stephen King.
O livro possui referências bem claras ao universo da Torre Negra, semelhante ao que encontramos em “O Nevoeiro”.
O romance foi levemente inspirado em um caso real. Quando Steve estava viajando pela Pensilvania ele parou em um posto de gasolina e quase escorregou para dentro de um rio próximo dele. King disse que ficou imaginando como seria se ele tivesse sumido e ninguém tivesse conseguido encontrá-lo e então surgiu “Buick 8”.
A personagem de Sandy Dearborn possui o mesmo sobrenome que Roland usou em “Mago e Vidro”, quarto livro da série “A Torre Negra”.
O título do livro é uma referência à música “From a Buick 6” de Bob Marley.
Professor de Língua Portuguesa e Literatura, graduado em Letras pela UEG (Universidade Estadual de Goiás), pós-graduado em arte/educação pela UFG, viciado em literatura de terror/suspense, amante incondicional de séries e Hq´s e fã de carteirinha do mestre Stephen King desde 1996.
Uma resposta
Só corrigindo. A Canção é do Bob Dylan, não do Marley