O Iluminado (1977)

Ficha técnica

Título Original: The Shining
Título Traduzido: O Iluminado (1977 – Presente)
Ano de Publicação: 1977
Data de Publicação nos EUA: 28/01/1977
Personagens Principais: Jack Torrance, Daniel Torrance, Wendy Torrance, Dick Hallorann, Stuart Ullman
Cidade da História: Montanhas Rochosas
Estados da História: Colorado
Adaptações: O Iluminado (1980), O Iluminado (1997)
Derivados: O Retorno a Salem’s Lot (1987) – A Mansão Marsten (2004)
Disponível no Brasil pelas Editoras: Círculo do Livro (1977) – Record (1977) – Abril Cultural (1984) – Nova Cultural (1987) – Planeta DeAgostini (2004) – Objetiva (2005) – Ponto de Leitura (2009) – Suma de Letras (2013) – Suma de Letras, Biblioteca Stephen King (2017)

Sobre o livro

Jack Torrance é um escritor que sofre de alcoolismo e que está passando por uma fase difícil em sua vida. Tentando fazer com que as coisas melhorem, Jack aceita o emprego de zelador de inverno, no isolado resort “Overlook Hotel”, um lugar misterioso, onde coisas estranhas e assustadoras aconteceram no passado e permanecem acontecendo no presente. Jack se muda para lá com sua esposa Wendy e seu filho Danny, a fim de encontrar, além de um emprego que possa pagar suas contas, um lugar para repulsar e poder terminar de escrever a peça na qual estava trabalhando. Seu filho, Danny Torrance, é um garotinho muito especial. Ele consegue ver coisas que os outros não conseguem. Consegue sentir coisas que pessoas normais, geralmente, não sentem. Ele é, o que seu amigo Dick Hallorann gosta de chamar de “Iluminado”. Dick sabe disso pois ele também possui esse dom e é ele que alerta o garoto, quando ele chega até o hotel onde Dick é o zelador, sobre as coisas que provavelmente verá ali e como deve lidar com elas. Danny passa então a ser atormentado por fantasmas e visões aterradoras, numa tentativa do hotel de possui-lo. Como não obtém hesito nessa tarefa, o hotel acaba procurando uma “presa mais fácil” e encontra o pai de Danny, Jack Torrance, que durante sua estadia no hotel descobrirá que o Overlook está “vivo”, uma chaga aberta cheia de ressentimento e ódio, ambos direcionados aos Torrence.

“Este lugar humano cria monstros desumanos” (S.K)

Para quem está acostumado com o terror escatológico de um Barker, ou uma ambientação de fluxo rápido de idéias de uma Gerritsen, “O iluminado” (e, aliás, nenhum outro livro de Stephen King) não é o livro mais indicado. O terror ali se insinua de maneira lenta e gradativa, King nunca vai direto ao ponto. Muito pelo contrário. A ambientação é feita aos poucos, na medida em que King vai “criando o clima” e quando você menos espera… BANG! já está acompanhando o jovem Danny pelos corredores desertos do Hotel Overlook e esbarrando com assombrações. É isso que torna, na opinião deste humilde ser que vós fala, a obra mais interessante e verossímil.

Os personagens são profundos e complexos. As angústias da mãe preocupada com o filho estão ali, as preocupações do pai consigo mesmo, tentando enfrentar e resolver o seu problema com o álcool, também, (King se baseou em seu próprio problema com a bebida para criar o personagem), além das incertezas que uma mudança repentina (mas necessária) no estilo de vida da família pode trazer… Temos Danny, que faz o papel de garotinho inocente, que mal sabe soletrar algumas palavras, mas que carrega nas costas toda a responsabilidade de ser o “catalisador” dos fatos que acontecerão durante a estadia da família no hotel e temos, é claro, o próprio hotel, que na descrição de King é um show a parte, tanto com relação à imponência arquitetônica quanto com relação ao modo como o hotel interage com os seus novos hospedes, mergulhando em seus medos mais profundos e obscuros. É, sem dúvida, um clássico da literatura contemporânea de terror e um dos melhores livros já escrito por King.

Curiosidades e referências

Terceiro livro de Stephen King a ser publicado (primeiro em capa dura).

O livro foi concebido originalmente como uma peça em cinco atos.

Conta-se que King escolheu o lugar onde aconteceria a história do seu próximo romance “no chute”. Ele usou um atrás geográfico para apontar aleatoriamente onde aconteceria a história. Boulder, Colorado, foi o lugar escolhido.

O título do livro foi inspirado na música “Instant Karma” de John Lennon.

O título original do livro seria “The Shine”, porém King preferiu mudá-lo quando percebeu que “Shine” era uma gíria pejorativa para negros.

Em 2016 foi lançado pela primeira vez o livro em seu texto integral, coisa que era desconhecido pela grande maioria dos leitores, o manuscrito de O Iluminado (que tinha o título de The Shine), tinha uma quatidade de páginas maior do que a versão produzida. Devido aos gastos excessivos com a impressão de livros, a editora Doubleday resolveu, por livre e espontânea pressão, cortar o prólogo e o epílogo do livro para diminuir a contagem de páginas. O prólogo Before The Play, foi lançado anos 80 em uma coletânea de contos Whispers. Depois de escrever o livro, King não satisfeito com o final e resolveu escrever After The Play, um epílogo que contava o destino do Hotel Overlook depois dos acontecimentos em O Iluminado, infelizmente devido aos processos editoriais, o epílogo foi perdido e nem mesmo Stephen King tinha uma cópia. Porém em junho de 2016, um colecionador norte americano comprou um manuscrito de O Iluminado com um capítulo a mais chamado “After” e depois de verificar com a equipe de Stephen King, foi constatado que este capítulo era o tão famigerado epílogo perdido há 40 anos. Assim a editora Cemetary Dance republicou o livro em seu texto integral, em 2017 a editora Suma também publicou essa edição com texto integral em razão dos 40 anos de publicação na Biblioteca Stephen King.

King ficou hospedado no hotel Stanley, enquanto viajava para escrever seu novo romance. O hotel estava para fechar, devido ao fim da temporada, e eles acabaram ficando lá sozinhos, hospedados no quarto (que dizia a lenda, ser assombrado) 217. Dai King tirou grande parte das ideias que o inspiraram a escrever “o iluminado”.

Dez anos antes, King leu um romance de Ray Bradbury, chamado The Veldt, e resolveu que, algum dia, escreveria um livro sobre os sonhos de uma pessoa se tornando realidade. Ele começou a escrever um romance chamado Darkshine (Brilho Escuro), sobre um menino com poderes psíquicos, e um parque de diversões, mas a ideia foi abandonada. Isto é, até ele chegar ao Stanley, onde a trama voltou a sua mente, e ele a transformou em O Iluminado. A parte do “parque de diversões” acabou tendo que esperar mais 35 anos, quando foi transformada em Joyland.

No jantar, eles só tiveram uma opção de comida (a única ainda disponível). King disse que, fora a mesa deles, todas as outras estavam com as cadeiras de cabeça para baixo em cima delas; uma música ecoava no salão. Ele disse que foi como se Deus o tivesse posto lá para ver e ouvir aquelas coisas, e que pela hora em que foi se deitar, já tinha o livro inteiro planejado na cabeça.

O mesmo hotel Stanley (aberto em 1903) teve outros hóspedes conhecidos. Entre eles podemos destacar alguns como: Bob Dylan, Theodore Roosevelt, Cary Grant e o imperador japonês Hirohito.

Depois do jantar, Tabitha foi dormir e Stephen foi passear pelo hotel. Acabou parando num bar, sendo servido por um barman chamado Grady. Familiar, não?

King disse que, na mesma noite, sonhou com Joe, seu filho de três anos, sendo perseguido pelos corredores do hotel por uma mangueira de incêndio. Ele acordou tremendo e suando frio, quase caindo da cama. Resolveu acender um cigarro… e antes do cigarro acabar, boa parte dos elementos do livro já havia sido pensada.

King pôs muitos de seus próprios demônios interiores no personagem Jack Torrance.

Teve duas adaptações, sendo uma para o cinema, pelas mãos do diretor Stanley Kubrick, em 1980 e uma diretamente para a tv, numa minissérie dirigida por Mick Garris (diretor de diversas outras adaptações de King como: Andando na Bala, A Dança da Morte e Desespero).

O livro teve grande influência de clássicos como A Assombração da Casa da Colina, de Shirley Jackson; A Máscara da Morte Rubra e A Queda da Casa de Usher, de Edgar Allan Poe; Burnt Offerings, de Robert Marasco; e o conto A Pousada, de Guy de Maupassant.

O hotel Stanley também serviu de locação para as filmagens de “The shining” (A mini série de 1997).

Stephen King foi o responsável pelo roteiro da versão de 1997, bem mais fiel ao livro do que a versão anterior de Kubrick.

King voltou a abordar o tema de “casarão/hotel mal assombrado” em “Rose Red”, roteiro escrito por ele para o filme feito diretamente para a tv.

Sua continuação, “Dr. Sleep” (“Dr. Sono” no Brasil) foi lançada em 2013. No livro Danny já está com 30 anos e se vê obrigado a usar os seus poderes para enfrentar uma estranha raça conhecida como “a tribo” que se alimenta das energias psíquicas das pessoas.

O personagem Dick Hallorann é mencionado no romance Pearl, escrito por Tabitha King, esposa de Stephen.

Bill Thompson, editor de King na Doubleday, disse que temia por O Iluminado, pois ele marcaria Stephen como um escritor de horror. King se sentiu elogiado por isso.

Conexões

O ILUMINADO E LOVE – A HISTÓRIA DE LISEY: Jack Torrance cita um trecho de um poema num determinado momento. Lisey Landon cita o mesmo trecho no livro Love A História de Lisey. O verso é o seguinte: “Os argumentos contra a loucura caem por terra com um leve farfalhar.”

O ILUMINADO E A COISA: Dick Halloran é o cozinheiro do Overlook. Ele acaba voltando num dos flashbacks do livro A Coisa.

O ILUMINADO E SIDEWINDER: A cidade de Sidewinder, no Colorado é vizinha do Hotel Overlook. Essa mesma cidade serve de cenário em Blaze, Misery e O Talismã.

O ILUMINADO E QUATRO ESTAÇÕES: No livro Jack está escrevendo uma peça sobre um diretor que se chama Denker. Este é o sobrenome falso utilizado pelo velho nazista no conto “Aluno Inteligente” do livro “Quatro estações”

Menções e referências a "O Iluminado" em outros livros

No livro “Misery”, o hotel onde se passa a história é brevemente mencionado, mas com um spoiler relevante do final do livro.

Em “A Dança da Morte”, Mãe Abagail diz que sua mãe se referia ao seu dom da profecia como “uma lâmpada brilhante de Deus, às vezes apenas como o brilho.”

No episódio “The One Where Monica and Richard Are Just Friends” (S03E13) do seriado “Friends”, Rachel e Joey fazem uma aposta para decidir qual é o melhor livro, Adoráveis Mulheres, de Louisa May Alcott, ou O Iluminado.

Vídeos

Edições brasileiras

O livro foi publicado pela primeira vez no Brasil pela Record em 1977 com tradução de Betty Ramos de Albuquerque. Ele teve diversas edições em diferentes editoras brasileiras, sendo a versão mais atual da Editora Suma, com uma tradução revisada de Betty Ramos Albuquerque. Essa edição pertence à coleção Biblioteca Stephen King, e possui um prólogo e um epílogo até então inéditos no Brasil.

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