Livro da Semana: “Ao cair da Noite”

Título Original: Just After Sunset
Título Traduzido: Ao Cair da Noite
Ano de Publicação: 2008
Data de Publicação nos EUA: 11/11/2008
Personagens Principais: Scott Staley, John Bonsaint, Richard Sifkitz, John Dykstra
Estados da História: Vermillion Key (Fictício – Flórida), Nova York (Nova York)
Disponível no Brasil pelas Editoras: Editora Objetiva (pelo selo Suma de Letras)

Sinopse*

“Um livro misterioso e assustador.”- Sunday Telegraph

“É um livro para se ler em uma noite escura e tempestuosa, que lhe dará calafrios.” – The New York Times

Quem senão Stephen King para transformar uma espelunca de beira de estrada no cenário de um amor eterno? Ou uma mulher que acaba de perder o filho em uma corredora obsessiva que pretende chegar a algum lugar onde possa se livrar de suas frustrações? Em Ao Cair da Noite, de Stephen King, os mortos estão por toda parte, seja ouvindo música country em “Willa”, ou ligando para casa de um celular, como no conto The New York Times a Preços Promocionais Imperdíveis. Mas nas histórias do mestre do terror os vivos também não estão em melhores condições. E podem descobrir algo terrível a qualquer momento. O horror precisa de vítimas, e ninguém melhor que Stephen King para apresentá-las nestes contos surpreendentes.

Em A Bicicleta Ergométrica, uma rotina de exercícios, a princípio para reduzir o colesterol ruim, pode levar um homem a uma viagem inspiradora – e no fim das contas aterrorizante. Para King, a fronteira que separa os vivos dos mortos é muitas vezes enganosa, e os fios que mantêm os indivíduos presos à realidade podem se romper a qualquer momento.

Em As coisas que eles deixaram para trás, os pertences de mortos do 11 de Setembro – uns óculos escuros em forma de coração, um taco de baseball, um “cogumelo de cerâmica (vermelho com bolinhas brancas) que vinha com uma Alice sentada em cima” – começam a perseguir um sobrevivente atormentado pela culpa. No conto N., o transtorno obsessivo-compulsivo de um indivíduo em contar um círculo de pedras – são sete ou oito? – é a única coisa que mantém a humanidade protegida do desconhecido. Em Mudo, um ressentido vendedor de livros ambulante dá carona para um mudo, sem saber que o homem silencioso no banco do carona escuta bem até demais.

Ao Cair da Noite – quer se chame esse momento de crepúsculo, quer de pôr do sol – é o momento em que nada é o que parece. A hora perfeita para Stephen King.

Crítica do Leitor**

Mais um livro do King lido. Esse é um livro de contos, do qual adianto que gostei muito. Esse, além de assustador e nojento é divertido. Bem, vamos aos contos:

Willa: David está numa estação de trem. O trem no qual viajava descarrilou e as pessoas na estação estão esperando o próximo trem para seguir viagem, todas as pessoas menos Willa, noiva de David. Ele então caminha em direção a cidade e a encontra em uma boate. Lá, fica sabendo de toda a verdade. Bem, como o próprio King disse, não é o melhor conto do livro, porém está longe de ser ruim. Ele é mais simples e não tem muitos detalhes, porém é bem interessante. Tem até um final romântico…

A Corredora: Emily sofreu uma grande tragédia na vida. Sua filha, ainda bebê, morreu. Desde então, ela começou a correr. Corre quilômetros até quase cair de cansaço, às vezes corre até vomitar. O marido fica sabendo e não fica nada satisfeito com isso e eles discutem. Discutem feio. Ela então decide sair de casa e ir para a casa de praia do pai em Vermillion Key. Lá é um lugar calmo e vazio. As casas, algumas mansões, ficam vazias a maior parte do ano. Quando o primeiro vizinho de Emily aparece, ela acaba por descobrir que ele não é muito amigável…

Gostei muito desse conto. A forma com que King trata do trauma da mulher é muito forte, real. O conto passa muitas emoções: tristeza, dor, agonia e muito, muito desespero.

O Sonho de Harvey:  Janet é uma senhora na casa dos sessenta anos, mora com o marido, tem três filhas que já saíram de casa pra viver a própria vida. Ela tem uma vida pacata e está um tanto entediada com a coisa toda. Até que em um sábado de manhã, onde as coisas estão completamente iguais aos outros sábados, seu marido, Harvey, senta-se na cozinha e começa a contar um pesadelo, um pesadelo que o fez acordar a noite gritando, conforme ele o conta, ela se aterroriza pelo fato dele parecer tão… Real.

Outro que gostei muito – se for falar isso em cada conto fica chato, então paro por aqui – O conto é curto, porém… pesado. Sim, os detalhes são pesados, a forma como o sonho é contado é pesada e o final é muito pesado. O conto carrega muitos sentimentos, acho que por isso senti esse “peso”. King cita que o escreveu após um pesadelo. Acho que todos os contos que nascem de pesadelos têm essa carga.

Posto de Parada: Rick Hardin – ou John Dykstra está viajando e resolve parar em um posto para aliviar suas necessidades. Próximo ao banheiro feminino ele ouve um casal discutindo, uma discussão bem tensa e perigosa. Ele então se vê no dilema de simplesmente fazer o que tem de fazer e ir embora ou ajudar a mulher.

É um conto divertido. Mostra como algumas mulheres podem ser burras – pelo menos foi o que achei. King o escreveu quando passou por uma situação parecida (bem, quase) e a dupla identidade do protagonista do conto é uma anedota com a sua dupla identidade (Stephen King x Richard Bachman).

A Bicicleta Ergométrica: Richard Sifkitz, após fazer um check-up, descobre que está com o colesterol alto. O médico lhe orienta – lhe dá um sermão – que se ele continuar comendo, vivendo daquela forma, iria morrer, e fez uma comparação ao seu organismo como um mundo onde alguns homens trabalham na grande estrada que são suas veias, fazendo a limpeza, só que esses homens agora estão tão velhos quanto ele e não conseguem realizar o serviço tão bem quanto antes. Richard fica fascinado com a idéia e, como pintor, chega em casa e pinta um quadro com os operários da empresa Lipídio. Mas ele vai além, começa a praticar exercícios em uma bicicleta ergométrica e pra fazer a coisa mais divertida, pinta uma estrada a sua frente e marca seu progresso no mapa. Só que a brincadeira começa a se tornar real e ele se vê em uma difícil situação.

Um conto bem doido – a la Stephen King – porém aterrorizante. O final deixa as coisas bem mais reais e assustadoras.

As Coisas que Eles Deixaram para Trás: Scott Stanley é morador de Nova York. Ele tenta superar, como todos os nova-iorquinos, a terrível tragédia que acontecera no ano anterior, a queda do World Trade Center. Porém para Scott o atentado tem um significado maior, já que ele trabalhava no edifício e era pra estar lá no dia, porém escapou, mas todos os seus colegas de trabalho morreram. Então, em um belo dia, as coisas pessoais de seus amigos mortos, começam a aparecer em seu apartamento.

Um conto sobre a tragédia do World Trade Center. Não sabia que o King já havia escrito sobre isso, porque podia parecer “cedo demais” para algumas pessoas, mas ele o fez. O resultado foi muito bom, ele conseguiu passar um pouco do sentimento pós-tragédia para o leitor. O conto é envolvente e tem um final emocionante.

Tarde de Formatura: Janice é uma menina bonita e decidida. No momento ela namora Bruce – ou Buddy –, um rapaz rico, e está na casa dele para sua formatura, apesar de sua família não estar muito feliz com relação a isso. E então a mansão, nas montanhas próximas de Nova York, é palco de um evento surpreendente.

Não, não é outro conto sobre o World Trade Center, mas me pareceu com algo do tipo. Algo que realmente poderia acontecer na cidade, como o próprio King disse.

N.: Johnny, ou Dr. Bonsaint é psiquiatra. Ele trata de N. um paciente com TOC – Transtorno obsessivo compulsivo. N. passou a sofrer com a obsessão de contar tudo – sempre deixando as coisas com números pares, porque par é bom – e organizar coisas, depois de ir a um certo lugar, Ackerman’s Field, e lá vê uma certa coisa. Desde então ele carrega uma responsabilidade enorme nos ombros que acaba passando para o Dr. Bonsaint.

Não posso falar mais do que isso para evitar spoilers, porém é o melhor conto do livro – acho que quem já leu deve concordar comigo. É contado em primeira pessoa pelo Dr. Bonsaint, pois no início do conto já nos é revelado que ele suicidou-se, a irmã dele então envia as suas notas sobre N. para um amigo da família, pois o caso é muito estranho. Pela forma de escrita o conto deixa as coisas muito mais reais e assustadoras. Faz-nos pensar: e se a responsabilidade não for cumprida, o que acontece? E nos faz ter medo disso. O conto é amedrontador, contagioso. Só uma palavra para encerrar: CTHUN – leia o conto e a tema.

O Gato dos Infernos: Halston é um assassino de aluguel que recebeu um serviço bem estranho: matar um gato. Ele leva o serviço a sério, como todos os outros, porém não é rápido o bastante…

Se você gosta de gatos, não leia esse conto. E se você os odeia e tem medo deles, aconselho enfaticamente que o pule. Ah, leia de qualquer forma, mas aviso que é um conto bem horrendo.

The New York Times a Preços Promocionais Imperdíveis: Annie está no banho quando recebe um telefonema. É James, seu marido. Só tem um porém, James morreu a dois dias em um acidente de avião.

Esse conto é bem emocionante e nos faz pensar sobre “o outro lado”. A forma com que King relata o conto torna as coisas assustadoras sobre como podemos reagir a nossa própria morte.

Mudo: Monnette é um vendedor ambulante que ganha a vida viajando constantemente. Em uma dessas viagens, resolve dar carona a um homem com uma placa dizendo que o mesmo é surdo e mudo. Aproveita o fato de que ele não pode ouvir, e melhor ainda, não pode falar, e lhe conta, desabafa sobre sua vida – principalmente sobre sua mulher – que está uma bagunça. Porém seu carona carrega uma adorável surpresa.

O conto se passa no confessionário, com Monnete se confessando ao padre. O conto é divertido, bastante. Tem um final extraordinário.

Ayana: O protagonista – que não encontrei o nome e não me lembro de tê-lo lido, já que o conto é em primeira pessoa – está com o pai muito doente. Câncer no pâncreas. Até que em uma tarde aparece em sua casa uma menininha com sua mãe – ou ama. A menina se chama Ayana e parece muito doente. Ela vai até o senhor doente, Doc, e lhe dá um beijo. Depois simplesmente vai embora. Após esse evento, Doc melhora consideravelmente e o câncer simplesmente desaparece. Porém, antes de ir embora ela toca nosso protagonista passando para ele uma dádiva, que descobre ser carregada de responsabilidades.

Outro conto emocionante de uma forma simples. Como disse, é contado em primeira pessoa, passando assim uma carga de sentimentos maior.

No Maior Aperto: Curtis Johnson é um investidor da bolsa, bem rico. Ele mora em um local com mansões de pessoas tão ricas quanto ele. Por causa de um terreno, começa uma briga com um dos seus vizinhos, Tim Grunwald – mais conhecido como O Filho da Puta. Grunwald, após entrar em falência, perder a esposa e ainda ser diagnosticado com câncer nos pulmões, põe a culpa de toda sua desgraça em Curtis. Então, em um acesso de loucura, o atrai até uma construção e lá o prende em um dos banheiros químicos.

Um dos contos mais nojentos que já li. Daqueles que você faz careta enquanto lê. A situação, que pode se tornar real com qualquer um de nós nos faz sentir na pele o desespero de Curtis.

Bem, é isso. No final do livro tem uma nota do King de cada conto, nos explicando de onde veio a idéia para escrevê-lo. Gosto muito de ler essas notas, mas siga o conselho de King: “No entanto se você pretende consultá-las antes de ler os contos propriamente ditos, deveria se envergonhar”. Acho que não tem como não ficar curioso de ler o livro depois de sentir o gostinho das histórias, não é?

Curiosidades

  • O conto “N.” foi baseado em uma novela de Arthur Machen, apesar de possuir caracteristicas semelhantes aos contos de H.P. Lovecraft. Esse conto também foi adaptado em formato de mini-série na web, com capítulo curtos para celular (que você pode acompanhar aqui).
  • Um lago mencionado na novela Love: A História de Lisey, também aparece em N.
  • Mitchell Whelan, personagem de “A bicicleta ergométrica” tem o mesmo sobrenome de Michael Whelan, o desenhista das capas dos livros da saga “A Torre Negra”.
  • Antes do título oficial, a coletânea teve diversos provisórios, tais como: Pocket Rockets (Foguetes de Bolso), Unnatural Acts of Human Intercourse (Atos Desnaturais das Interações Humanas) e Just Past Sunset (Logo Após o Pôr-do-Sol).
  • O conto “O Gato dos Infernos” escrito em 1977 (só publicado em 2008 nessa coletânea) foi adaptado 18 anos antes do lançamento do livro.

*Sinopse do site oficial da Editora Objetiva.
**Resenha originalmente publicada pela leitora Priscilla Rubia no blog Apogeu do Abismo.

 


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9 Responses

  1. Estou namorando esse livro na livraria a um tempinho já… só não comprei ainda pq estava na esperando de ganhar ele de presente de alguma alma caridosa (q não apareceu ¬¬).
    Vou me dar de presente então! kkk ^^

  2. Não Acho que “N” seja o melhor conto do livro!
    achei-o interessante,e só.deu sono na maior parte dele,e o final é 100% previsível.mas “O Gato dos Infernos” foi muito bom,pelo menos pra mim,que odeio gatos,cachorros,etc.
    senti arrepios com o final,que foi brutal à sua maneira.
    “new york times a preços (…)” foi decepcionante;fui le-lo com muita expectativa,então me decepcionei um pouco.
    agora,tem surpresas agradáveis no livro também,como “Willa”, e “A Corredora”!pra mim,os melhores livros do king são de contos.

  3. Estava assistindo um filme Tales of terror quando me depara com a historia do gato dos infernos detalhe esta filme e de 1962 existe alguma explicação?

    1. Na verdade tem Heloísa RS. O conto de tales of terror é baseado em “o gato preto”, famoso conto de Edgar Allan Poe, que serviu de inspiração para King escrever o gato dos infernos e não no conto do King. Abração!

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