Se você, Leitor Fiel ou não, considera Stephen King um autor prolífico, com seus mais de 95 livros já lançados e uma média entre 2 e 3 romances por ano, deveria conhecer um homem chamado James Patterson. James Brendan Patterson (Newburgh, 22 de março de 1947) é um autor de best-sellers norte-americano que figura, em praticamente todos os anos, no primeiro lugar como o autor mais bem pago no mundo (no ano passado ele ganhou 89 milhões, contra “míseros” 19 milhões do Tio Steve… que ficou em 7º lugar na lista). Patterson também “ganha” de Steve no quesito prolixidade, já que já é autor de mais de cem livros e chegou a lançar 14 deles em um único ano. Acontece que há uma “pequena” injustiça aí, já que o autor já reconheceu publicamente que recorre à escrita terceirizada para escrever seus livros. Resumidamente falando, Patterson administra uma equipe de colaboradores que dá continuidade às histórias/ideias que ele tem para seus livros. Ele escreve uma sinopse detalhada da ideia que tem em mente, que gira entre 50 e 60 páginas, e simplesmente entrega para o coautor escrever o livro. A partir dai o “processo colaborativo” resume-se a uma consulta quinzenal para saber se o escritor “coautor” (apesar de ele fazer o trabalho todo, na verdade) está trilhando o caminho correto. Apesar disso, Patterson afirma que sua rotina é corrida e que ele trabalha em torno de 14 horas por dia. Resumidamente falando, ele é uma espécie de “Romero Britto dos Best Sellers”.
Bom, feitas as devidas apresentações, vamos ao que interessa: Patterson anunciou, em Junho passado, que está trabalhando em uma nova linha de romances chamada “BookShots” (algo como “Livros Rápidos”, em tradução livre), que vai focar na publicação de livros mais curtos, de 150 páginas, para serem lidos de uma vez só, enquanto você está na fila do banco, na manicure ou esperando o ônibus. O “BookShot” de suspense de estreia tem o título nada chamativo de “The Murder of Stephen King” (O Assassinato de Stephen King) e conta a história de um “Stephen King fictício”, que é perseguido por um assassino que está recriando os terríveis acontecimentos narrados nos livros do autor.
“Eu tenho sido fã de Stephen King por muitos anos, e escrever este livro me deu a oportunidade de explorar o qeu acontece quando os próprios romances do autor o colocam em perigo. “A história é inteiramente fictícia, é um produto da minha imaginação. Os leitores vão se surpreender com o resultado, e espero que meus fãs – e todos os fãs de mistério – também se divirtam.”
O próprio King não tem muito apresso, pelo visto, pela obra de Patterson. Segundo ele, Patterson “é um escritor terrível, mas ele é muito bem sucedido”. Em resposta às críticas do autor, Patterson disse: “Eu li as coisas dele. Eu gosto de desapontar ele dizendo coisas positivas sobre ele.”
“O Assassinato de Stephen King” terá 140 páginas, com lançamento previsto para 01 de Novembro, também em ebook e audiobook e custará 4,99 dólares (R$16,68, se levarmos em consideração a cotação do dólar de hoje).
E aí? Ficou curioso? Particularmente, eu acho extremamente desleal esse tipo de “escrita”, tanto com os leitores quanto com os autores que se submetem a isso, apesar deles provavelmente estarem recebendo uma boa grana pelos trabalhos. “O Assassinato de Stephen King” além de explorar um nome já bem conhecido (por motivos mercadológicos óbvios) não trata-se sequer de uma ideia original, já que o próprio Stephen King já fez uso da temática em trabalhos como “Misery” e “Janela Secreta, Jardim Secreto” (conto do livro “Depois da Meia Noite”). Também existe o fato de ser um romance particularmente escrito para “ser lido às pressas”, então não acho que devemos esperar uma trama muito elaborada ou sequer personagens mais complexos. Só nos resta saber se o coautor (que, ao que tudo indica, é o verdadeiro autor, apesar de o seu nome aparecer bem menor do que o de Patterson na capa) Derek Nikitas vai saber administrar a história e apresentar algo interessante para os fãs do autor.
Professor de Língua Portuguesa e Literatura, graduado em Letras pela UEG (Universidade Estadual de Goiás), pós-graduado em arte/educação pela UFG, viciado em literatura de terror/suspense, amante incondicional de séries e Hq´s e fã de carteirinha do mestre Stephen King desde 1996.
2 Responses
Não sabia que ele usava uma equipe para escrever seus livros…pode isso?? Achei estranho, bem absurdo pra falar a verdade…
Nunca li nada dele e não tenho interesse em ler tb…
Amo os livros, filmes do King, não troco ele por ninguém