Longos dias e belas noites Leitores Fiéis! Hoje vamos falar sobre “IT: A Coisa”, mais precisamente sobre uma cena que não foi incluída na versão final do filme e que conta um pouco mais sobre o passado do palhaço Pennywise. A cena em questão está em todas as quatro versões do roteiro (2014, 2015 e 2016), sendo que cada uma delas sofreu pequenas alterações. A cena da qual vamos falar é a da versão de 2016, que é a mais próxima do produto final. Tivemos acesso ao roteiro de 2016 e a esta cena, que foi traduzida com exclusividade pelo nosso colunista Luis Guilherme.
A cena se passa entre a briga do Clube dos Otários, depois que eles visitam a casa, e antes da cena da morte do pai de Bower. A primeira versão, de 2014, é mais longa, a da segunda versão, também de 2014, é idêntica e a de 2015 é praticamente a mesma, mas com menos diálogos. Segundo Bill Skarsgard, ator que deu vida ao personagem Pennywise, a cena já foi filmada e será usada ou na versão do diretor (que será lançada em DVD, com 15 minutos a mais) ou na continuação do filme, prevista para ser lançada em 2019.
Confiram abaixo a tradução da cena (a versão em PDF pode ser visualizada aqui):
1637
INTERIOR – CASA DO POÇO – NOITE
ABIGAIL, 19. Entra na casa e fecha a porta com uma PANCADA. Como se tentasse manter o diabo do lado de fora. Ela aperta seu BEBÊ em seu peito.
Ajoelha-se frente à BRASAS SUMINDO na lareira. Ela sopra, mas a chama não continua. Seu bebê começa a ficar agitado…
ABIGAIL
Quieto agora, shhhh… será –
Ela para.
Ela percebe que o PEQUENO CANDELABRO DE VELAS roda devagar sobre sua cabeça. Como se alguma força não natural tivesse causado a sua luz rodar pelo cômodo, como pequenos holofotes primitivos.
Ela escuta algo rastejando nas sombras cinzentas perto do poço. Ocasionalmente nós vemos de relance uma SILHUETA ESCURA.
Mudando sua forma. Como se decidindo qual forma tomar.
ABIGAIL (CONTINUA)
Por favor, Demônio… nos deixe em paz…
A figura altera a sua forma de novo.
Um feixe de luz passa pelo cômodo, revelando PENNYWISE, nu, flexível, a carne pálida e transparente, uma imitação meio formada de um humano, abre sua mandíbula cheia de dentes afiados como lâmina, pingando de saliva.
Enquanto o CANDELABRO roda em sentido horário, Pennywise anda em direção contrária pelo cômodo. Cada vez que a luz ilumina seu rosto –
Seu rosto é diferente.
Um homem. Uma mulher. Uma fera. Um monstro. Tim Curry.
PENNYWISE
Você está enganada mulher. Não um
diabo qualquer, eu sou o Devorador de Mundos.
Sua voz é gutural, anormal.
ABIGAIL
Mas a minha criança, não a minha criança…
Ele é inocente…
PENNYWISE
Assim você diz.
O bebê CHORA. Pennywise sorri.
PENNYWISE (CONTINUA)
Lindo medo…
ABIGAIL
Eu te imploro, me leve.
Abigail recua.
PENNYWISE
Eu irei. E depois, ele. E teu marido e
o resto de seus filhos, e todos os selvagens
que te trouxeram aqui. E quando todos vocês
apodrecerem na terra, eu vou mordiscar
seus ossos até não haver mais carne.
E então eu vou buscar seus ossos e
Consumir suas almas até sobre nada, além de mato!
(golpe)
Ou você vai se ocupar de algum jeito e não vai interferir.
Eu vou levar sua criança e você viverá, e os outros
dos seus outros filhos – os quais eu não tenho interesse.
E você vai ME agradecer febre e gelo não
te condenaram para o chão.
Abigail olha para seu filho de novo. Ela está tremendo, não quer deixá-lo ir. Atrás dela, a porta se ABRE.
Um garoto, 6, pergunta –
GAROTO
Mãe?
ABIGAIL
Não! Saia! Agora!
Assustado pela sua mãe, o garoto corre.
Abigail volta-se para o Pennywise. Aonde quer que ele esteja no cômodo. A luz parece rodar cada vez mais rápido.
Ela beija seu bebê e o põe no chão. Ele BERRA.
ABIGAIL (CONTINUA)
Me desculpe, me desculpe…
Ela se afasta da criança. Ela olha as brasas na lareira. Continuamos olhando o seu rosto, e o mesmo parece brilhar CADA VEZ MAIS QUANDO – SOBRE SEUS OMBROS – DESFOCADO –
Pennywise rasteja para cima do bebê e começa a comê-lo. GRITO ESTRIDENTE DO BEBÊ PARA, quando escutamos um MASTIGO.
Abigail continua olhando a LUZ BRILHANTE LARANJA do fogo se apagando…
… e os POSTIGOS.
Sua expressão se altera. Medo. Negação. Luto. Aceitação. E depois nada. Somente um olhar vidrado. COMO SE NADA TERRÍVEL ACONTECESSE ATRÁS DELA.


Professor de Língua Portuguesa e Literatura, graduado em Letras pela UEG (Universidade Estadual de Goiás), pós-graduado em arte/educação pela UFG, viciado em literatura de terror/suspense, amante incondicional de séries e Hq´s e fã de carteirinha do mestre Stephen King desde 1996.
2 Responses
Tim Curry!
Uaau! Será que veremos essa cena algum dia?