Título original: Firestarter
Título no Brasil: Chamas da Vingança
Duração: 114 minutos
Ano de lançamento: 1984
Direção: Mark L. Lester
Roteiro: Stanley Mann, baseado em livro de Stephen King
Produção: Frank Capra Jr.
Elenco: David Keith, Drew Barrymore, Freddie Jones, Heather Locklear, Martin Sheen, George C. Scott
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0087262/
TRAILER
SINOPSE/CRÍTICA
Firestarter (ou “Chamas da Vingança” no Brasil) conta a história de um homem chamado Andy McGee (David Keith) que, quando jovem, fez parte de um experimento na faculdade onde uma substância estranha foi injetada em sua corrente sanguínea. Tempos depois ele tem uma filha, Charlie (interpretada pela então novinha Drew Barrymore), que acaba herdando do pai uma estranha capacidade de provocar incêndios com a ajuda da mente. A partir dai os dois, pai e filha, se empenham em fugir de uma agência do governo que descobre os poderes de Charlie.
Firestarter é baseado no livro homônimo de Stephen King que no Brasil ganhou o título de “A Incendiária” e figura, como tantos outros, infelizmente, na lista de adaptações que se mostraram bem aquém do esperado. O diretor Mark L. Lester (Os Donos do Amanhã, 1982) não pode ser considerado como um dos mais talentosos de sua geração, mas nesta adaptação ele se superou (negativamente falando). A falta de originalidade e até mesmo certo desleixo são evidentes, desde o início do filme, em um flashback apressado, que se passa enquanto pai e filha fogem pelas ruas movimentadas e que introduz a história de como os pais de Charlene se conheceram e fizeram parte de um experimento financiado pelo governo norte americano com o intuito de testar uma nova droga, derivada do LSD.
Ainda que obviamente se trate de um filme datado, a impressão que fica é que ele peca em muitos aspectos. A fotografia e a edição, por exemplo, não fogem do convencional e, apesar de cumprirem relativamente bem o papel, não agregam nada de novo, se parecendo mais com um filme produzido com orçamento limitado e/ou direto para a tv, por exemplo (o que, é óbvio, não justifica, já que há ótimos filmes produzidos para a tv e com baixo orçamento). Há ainda os chatos, mas compreensíveis, maneirismos, quase típicos de filmes da época, como por exemplo o Pai de Charlene colocando as mãos na cabeça e espremendo ela sempre que está prestes a utilizar seus poderes ou a própria Charlene, que é sempre mostrada em close, com os cabelos esvoaçando, presumivelmente arrepiados como resultado dos seus “super-poderes”.
A trilha sonora do filme ficou por conta do grupo de Rock Progressivo Alemão “Tangerine Dream”, que já trabalhou em filmes como “Quando Chega a Escuridão” e “Fortaleza Infernal” e segue recheada de sintetizadores e da rítmica e densa bateria eletrônica, típica dos anos 80. Talvez soasse interessante, se não parecessem, em diversos momentos, em completa desarmonia com o filme. Isto provavelmente se deu ao fato de que o grupo sequer chegou a ver o longa. Eles simplesmente enviaram várias músicas para a produção, que optou por escolher as que mais se encaixavam com a história.
No elenco temos o fraco David Keith (que na época daria um ótimo dublê do Kurt Russel e que foi o 14º escolhido para interpretar o personagem), que convence muito pouco como Andy McGee, ao lado da gracinha da Drew Barrymore, que já havia conquistado nossos corações em “ET” e que voltaria a trabalhar em uma adaptação de Stephen King no ano seguinte (Olhos de Gato). Temos ainda George C. Scott como um índio que convence de todas as maneiras possíveis, menos como nosso imaginário popular acredita que seja um índio das terras norte-americanas e Martin Sheen, que já havia trabalhado anteriormente em outra adaptação (The Dead Zone, A Zona Morta, no Brasil) e que nesta interpretou o personagem do Capitão Hollister. Talvez poucos tenham notado, mas nos também temos Leon Rippy interpretando um dos agentes de Segurança que aparece pouco no filme. Para quem não se lembra dele, ele já fez Brad em “Maximum Overdrive”, Ollie Dinsmore em “Under the Dome” e mais recentemente interpretou Harry Dunning em 11.22.63, série que adapta o livro “Novembro de 63”
No geral, como adaptação, apesar de apresentar um certo respeito ao livro (em especial no roteiro adaptado, que ficou bem fiel ao original), e de ser, em certos momentos, divertido, ele simplesmente não convence. O tipo de filme que um remake (em mãos mais competentes, é claro) provavelmente conseguiria melhorar.
CURIOSIDADES
- Originalmente o filme deveria ter sido dirigido por John Carpenter, porém os executivos afastaram ele do projeto depois do fraco desempenho, na época, de “Enigma de outro mundo”. Ironicamente, hoje ele se tornou um clássico, considerado como uma das melhores produções dos anos 80.
- Em 2002 fizeram uma continuação do filme, direto para a tv, que recebeu o nome de Vingança em Chamas no Brasil. No elenco Malcolm McDowell, Dennis Hoper e Marguerite Moreau no papel que era de Drew Barrymore. O filme se passava dezoito anos após os acontecimentos do filme original, com Charlene vivendo sob custódia e um misterioso homem recrutando adolescentes com poderes especiais para transformar eles em armas vivas.
- Martin Sheen, que interpreta o Capitão Hollister no filme, conseguiu o papel de última hora, porque o ator anteriormente escalado, Burt Lancaster, desistiu do papel devido a uma cirurgia do coração.
- O diretor do filme, Mark L. Lester, disse na época que esse foi o filme mais dificil que ele já havia feito.
- Na minissérie “Jovem Outra Vez” (Golden Years, no original), escrita por Steve e que foi ao ar em 1991 pela CBS, o protagonista também é perseguido pela mesma instituição que persegue os personagens de “Chamas da Vingança”
- Avaliado em 39% no Rotten Tomatoes, foi recepcionado da seguinte forma pelo crítico norte-americano Roger Ebert; “A coisa mais surpreendente sobre este filme é o quão chato ele é”.
- O filme foi lançado em Maio de 1984. Um produtor egípcio de 25 anos chamado Dodi Al-Fayed tinha comprado os direitos para adaptar o filme por um milhão de dólares. Anos depois ele seria conhecido como o homem que morreu com a princesa Diana no acidente de Carro em Paris, em 31 de Agosto de 1997.
Professor de Língua Portuguesa e Literatura, graduado em Letras pela UEG (Universidade Estadual de Goiás), pós-graduado em arte/educação pela UFG, viciado em literatura de terror/suspense, amante incondicional de séries e Hq´s e fã de carteirinha do mestre Stephen King desde 1996.