O primeiro grande livro de Stephen King (100 mil palavras a mais que Carrie) recebeu – provavelmente – o pior título em língua portuguesa possível!
Um livro de 500 páginas, onde o primeiro vampiro aparece na página 400, não poderia ser chamado de A Hora do Vampiro! Como mera curiosidade, esse livro ficou com esse título porque a Editora Record, a primeira a lançar o livro em território nacional, tinha um acordo baseado num contrato espanhol, e neste contrato o título espanhol era La Hora Del Vampiro! Pelo menos eles já arrumaram o erro e deram um novo título para o livro, atualmente conhecido nos países de língua espanhola como El Misterio de Salem’s Lot (e que alguém siga o exemplo no Brasil!)
No entanto, vamos ao que interessa, a lista de relações deste livro. Como usual, dividida em quatro partes: a primeira traz as relações contidas no livro; a segunda traz as menções do livro em outras obras; a terceira traz as conexões duvidosas e incertas, ou talvez conexões secundárias e de pouca importância; a última traz as personagens que possuem o mesmo nome em diversos livros, podendo ou não serem a mesma pessoa.
Pode ser que algumas conexões contenham spoilers, então leiam por sua própria conta e risco!
Conexões no livro A Hora do Vampiro:
n Quando Mark Petrie recebe a visita de Danny Glick, ele tenta se acalmar recintando o seguinte verso: “In vain he thrusts his fist against the posts and still insists he sees the ghosts.” Esse mesmo verso é utilizado por Bill Denbrought no livro A Coisa, e possui um papel importante na luta contra o palhaço Parcimonioso. (Infelizmente essa conexão se perdeu na tradução)
n O escritor Ben Mears diz em uma ocasião que “às vezes, quando estou na cama à noite, imagino que a Playboy está me entrevistando. Pura perda de tempo. Eles só entrevistam autores que fazem sucesso na universidade.” Essa afirmação é auto biográfica, mostrando que Stephen King não acreditava que um dia teria uma entrevista publicada na Playboy. Como curiosidade, ele teve uma entrevista na Playboy de 1983, e mencionou esse trecho para mostrar como era inseguro no início da carreira.
n A cidade de Gate Falls é mencionada em um momento da narrativa. Ela vai ser cenário para diversas histórias, entre elas Heart in Atlantis, O Corpo, Blaze, Raiva, A Planta e muitos outros.
Menções do livro A Hora Do Vampiro:
n O conto Jerusalem’s Lot, da coletânea Sombras da Noite, se passa na mesma cidade de A Hora do Vampiro, funcionando como um prólogo para a história e uma melhor introdução do passado da Mansão Marsten.
n Na mesma coletânea também foi publicado o conto A Saideira, praticamente um epílogo para o livro A Hora do Vampiro. Para aqueles que não leram o livro, deixem esse conto para ser lido depois do livro, pois além de um bom spoiler, ele conta o destino de muitas personagens.
n A personagem Peter Callahan volta nos livros Torre Negra V, VI e VII. Finalmente poderemos saber onde eles esteve todos esses anos!
n O próprio livro A Hora do Vampiro aparece em Torre Negra V e VI. Sim, o próprio livro! Grande parte das personagens e o enredo do livro são explicados e analisados. Maior exemplo de meta-linguagem não existe. Como uma dica, eu recomendo a leitura do A Hora do Vampiro antes do Torre Negra V. Não por causa de spoilers ou dificuldades em entender a trama (você pode ler toda a série da Torre Negra sem ter lido qualquer outro livro), mas por causa da volta de algumas personagens e de menções e conexões que vão ser feitas, e você perderá se não tiver lido o livro antes.
n O aeroporto de Cumberland fica entre duas pequenas cidades, chamadas Falmouth e Jerusalem’s Lot, como mencionado no conto O Piloto da Noite.
n Johnny Smith, do livro Zona Morta, é enterrado no cemitério Birches, no mesmo local onde a família Marsten, proprietária da Mansão Marsten, está enterrada
n A cidade de Jerusalem’s Lot é brevemente mencionada por John Smith no livro Zona Morta.
n Blaze e seu amigo Freund John, no livro Blaze, assistem um filme sobre vampiros chamado Second Coming, esse foi o título provisório do livro A Hora do Vampiro.
n Quando Rachel Creed, no livro O Cemitério, voltava para casa, ela teve uma estranha sensação e um calafrio súbito ao passar por uma estrada e encontrar a seguinte placa: “PRÓXIMA SAÍDA RODOVIA 12 CUMBERLAND CENTRO DE CUMBERLAND ÁREA DE JERUSALÉM FALMOUTH NORTE DE FALMOUTH.” (agora traduzir o nome da cidade para Área de Jerusalém!? Poderiam corrigir esse erro.)
Relações duvidosas:
n Em um determinado momento, existe um parágrafo que diz: “A cidade tinha seus segredos, e sabia guardá-los… Albie rachara o crânio dela depois que o viajante a abandonara, prendera um bloco de cimento nos pés do cadáver e o derrubou no velho poço…” Dolores Clairbone também mata seu marido jogando-o num poço, e os habitantes sabiam disso, porém também sabiam guardar segredos, em Eclipse Total. (talvez um pouco forçado de minha parte, mas quando li esse trecho tive que fazer essa conexão.)
n Na metade do livro, “dois funcionários empurravam numa maca o corpo de um jovem homossexual que fora baleado num bar no centro da cidade.” Essa mesmíssima cena acontece em A Coisa.
n No conto O Sonho de Harvey, Janet Stevens pensou no poema Rei do Sorvete de Wallace Stevens. Esse mesmo poema é mencionado por Ben Mears no livro. (Isso não é bem uma conexão, mas mostra que King realmente gosta desse poema!)
n Quando Padre Callahan enfrenta Barlow, ele se recorda de um de seus medos de infância, um monstro chamado Flipp, que se escondia no armário e só saia quando a luz estava apagado. Quando Callahan o descreve, usa as seguintes palavras: “com o rosto branco de palhaço, os olhos vermelhos e brilhantes, os lábios sensuais.” Temos aqui um presságio do Parcimonioso de A Coisa?
Personagens Gêmeas:
n Dick Curless é um cantor de música country que tem uma de suas músicas tocadas no bar do Dell. Ele volta a ser mencionado no livro A Casa Negra.
n Clyde Corliss é uma pequena personagem que escapa dos vampiros para morrer seis anos depois pelas mãos de outro monstro, o lobisomem em A Hora do Lobisomem.
n O protagonista Ben Mears compartilhar o nome B. Mears com um bombeiro do livro Carrie, A Estranha. Os dois não possuem qualquer relação, uma vez que Carrie se passa em 1966 e A Hora do Vampiro em 1975, e as profissões eram diferentes.
n Charles V. Prittchet tinha uma fazenda em Jerusalem’s Lot. Depois de ouvir que coisas estranhas estavam acontecendo na cidade, ele resolve se mudar. No livro Blaze, um Charles Victor Prittchet é preso pela polícia acusado de sequestro.
n Freddy Overlock é o pai de Juddy Overlock, uma garota que foge com um comerciante em 1957 ou 1958. No livro Carrie ele é acusado por Irwin Henty de ter roubado galinhas de sua fazenda.
n Jackie Tabolt trabalhava no bar do Dell e um grande amigo de Hank Peters. No livro Carrie, ele foi um dos garotos que ajudou a roubar o sangue de porco.
6 Responses
Não li esse livro ainda exatamente por causa do nome xD Peguei certa vez pra ler, mas não estava muito a fim de ler algo sobre vampiro e larguei de lado. Bom saber que o título não tem muito a ver com a obra.
Muito legal as conexões, como eu disse certa vez, acho incrível King fazer isso com os livros.
“Na mesma coletânea também foi publicado o conto A Saideira, praticamente um epílogo para o livro A Hora do Vampiro. Para aqueles que não leram o livro, deixem esse conto para ser lido depois do livro, pois além de um bom spoiler, ele conta o destino de muitas personagens.”
Destino de muitas personagens? Não tinha me apercebido… Quais?
O conto não diz o que acontece com a cidade, quem acaba virando vampiro e o que acontece com o Ben Mears e o garoto? Se não, eu to imaginando coisas e preciso reler o conto, mas tenho quase certeza que algo é mencionado.
Também preciso reler: não me recordo se no conto os spoilers são tão específicos.
Legal as conexões, algumas eu nem tinha notado. Continue postando na ordem de publicação. Estou loco para ver as conexões presentes em O Iluminado.
Este certamente é um fato que o faz um escritor de sucesso. Ele consegue interligar, enfeixar elementos de um livro em outro, mais adiante. Isso é, mesmo para aqueles que não são fãs – e eles devem admitir – de King, diferente de mim (que sou) genial!
Abraços
Leon Nunes
Escritor