Adaptação da semana: O Iluminado (1980)

Título original: The Shining

Gênero: Terror

Duração: 119 min

Ano de lançamento: 1980

Direção: Stanley Kubrick

Produção: Stanley Kubrick, Jan Harlan, Martin Richards

Roteiro: Stanley Kubrick, Diane Johnson

Música: Wendy Carlos, Rachel Elkind

Orçamento: 22 milhões de dólares

Elenco: Jack Nicholson (Jack Torrance), Shelley Duvall (Wendy Torrance), Danny Lloyd (Danny Torrance), Scatman Crothers (Dick Halloran).

Trailer

http://www.youtube.com/watch?v=qLaY8QioDLU

Resenha

Jack Torrance é um ex-professor que procura sossego, pois tem em mente a idéia para escrever um livro. Ele então encontra o emprego ideal: zelador do Hotel Overlook no período de inverno. Ele deve ficar no hotel, completamente isolado durante cinco meses, com sua esposa e filho.

Família Torrence

Danny é o filho de Jack e ele não é um garoto comum. Ele consegue pressentir as coisas, entendê-las, mesmo sendo bem novo. É o que Dick Halloran, o cozinheiro do hotel, chama de Iluminado. Dick avisa a Danny que o hotel carrega algumas marcas não muito boas. Coisas ruins já aconteceram por ali e ele acredita que Danny pode vê-las, mas o conforta dizendo que elas não podem machucá-lo.

Dick Halloran e Danny

Porém, ao ficar isolado, preso pela neve no grande hotel, Danny é levado a acreditar que Dick estava errado. O hotel pode sim machucá-lo e é capaz de tudo para fazê-lo, inclusive usar o seu próprio pai para realizar o trabalho.

Jack Torrance

Crítica

O Iluminado é mais conhecido pelo filme do que pelo livro. O filme fez realmente um grande sucesso na época e a cena onde Jack olha Wendy pela porta ficou famosa como uma das melhores cenas de terror de todos os tempos.

Famosa cena de O Iluminado

Bom, pelo menos para a época. Quando se trata de adaptações, é claro que algumas mudanças devem ser feitas, em alguns casos a mudança não atrapalha em absolutamente nada e até ajuda. Não é o caso de O Iluminado. Acredito que alteraram demais a trama. Então você me pergunta: e quem não leu o livro, pode achar o filme bom? Acho que não. Eles se basearam muito nas cenas de terror, sangue e morte e a história em si ficou meio esquecida.

Gêmas mortas

Algumas mudanças não me agradaram, como o labirinto no jardim do hotel, em vez dos animais de grama. A cena no livro com Jack e os animais é bem medonha e acredito que poderiam usá-la no filme. Porém, podemos dar um crédito, visto que na época não existiam recursos para tal (realmente foi esse o motivo, pude comprovar depois de ler as curiosidades sobre o filme).

O Labirinto do hotel Overlook

Há também outras coisas que deixaram a desejar, como a interpretação de Shelley Duvall, como Wendy Torrance. Ela é muitas vezes muito forçada, tanto nas falas, como nas ações. Jack Nicholson é ótimo em interpretar papéis de loucos e interpreta bem Jack Torrance, porém a atuação de Shelley é tão ruim que às vezes prejudica a de Jack.

Quem leu o livro, sabe do pequeno acidente de Jack com Danny e em como a família tenta esquecê-lo e temos bastante suspense no que teria acontecido. No filme ele é revelado logo no começo, a primeira pessoa que pergunta a Wendy sobre Denny, ela simplesmente revela o que aconteceu. Acredito que isso poderia ser mais bem trabalhado, um suspense com o que teria acontecido cairia bem melhor.

E há, é claro, umas das partes mais assustadoras do livro: o quarto 237. No filme, ela é bem trabalhada de certa forma, porém eu gostaria de ver Danny sofrendo, sendo sufocado pelo fantasma, o que não é mostrado (sim, eu sou ruim).

Bom, claramente não gostei da adaptação. Poderia ser muito melhor, visto que é uma das melhores obras de King. Porém, foi considerado um filme muito bom, como já disse. O melhor filme de Stanley Kubrick. Acredito que isso se deve pelo fato das cenas de suspense e terror, algumas considerei boas, como a de Jack conversando com Grady no banheiro. Outras tiveram sucesso para a época, embora alguns filmes de época ainda consigam causar sustos, o que não é o caso de O Iluminado.

Se você já leu o livro, pode realmente não gostar da adaptação, se não o leu, pode achar divertido. Recomendo que o vejam e me digam se fui exagerada haha.

Curiosidades

  • O Chalé Timberline em Mt. Hood no Oregon foi usado para o exterior da frente, mas todo o interior assim como a parte de trás do hotel foi especialmente construída no Elstree Studios em Londres, Inglaterra. A gerência do Timberline pediu a Stanley Kubrick para não usar 217 para um número de quarto (como especificado no livro), temendo que ninguém iria querer ficar nesse quarto novamente. Kubrick mudou o script para usar o inexistente quarto número 237.
  • Stanley Kubrick decidiu que ter os animais de sebe ganhando vida (como eles fazem no livro) era inpraticável devido as restrições dos efeitos especiais, então ele optou por um labirinto de sebe em vez disso.
  • Stanley Kubrick considerou Robert De Niro e Robin Williams para o papel de Jack Torrance mas decidiu contra ambos. Kubrick não achou que De Niro se encaixaria na parte depois de ver sua performance em Taxi Driver, como julgou De Niro não psicótico suficiente para o papel. Ele não achou que Williams se adequaria na parte depois de ver sua performance em Mork & Mindy, como julgou ele psicótico demais para o papel. De acordo com Stephen King, Kubrick também considerou brevemente Harrison Ford.
  • Stephen King tentou desencorajar Stanley Kubrick de escalar Jack Nicholson como protagonista sugerindo, em vez disso, Michael Moriarty ou Jon Voight. King sentiu que vendo qualquer desses homens aparentemente normais gradativamente decaindo na loucura, teria aprimorado imensamente o impulso drámatico do enredo.
  • Stanley Kubrick, conhecido por sua compulsividade e numerosas retomadas, fez a difícil cena do sangue derramando dos elevadores em apenas três tomadas. Isso seria notável se não fosse pelo fato de que a cena tomou nove dias para ser preparada; toda vez que as portas abriam e o sangue derramava para fora, Kubrick dizia, “Não parece sangue.” No fim, a cena tomou aproximadamente um ano para ficar boa.
  • Porque Danny Lloyd era tão novo e como era seu primeiro trabalho atuando, Stanley Kubrick era altamente protetor com a criança. Durante a gravação do filme, Lloyd estava sob a impressão de que o filme que estava fazendo era um drama, não um filme de horror. Ele só percebeu a verdade sete anos depois, quando, com a idade de 13, foi lhe mostrada uma versão bastante editada do filme. Ele não viu a versão sem cortes do filme até ter 17 – onze anos depois de tê-lo feito.
  • O “nevado” labirinto próximo da conclusão do filme consistia de novecentas toneladas de sal e isopor esmagado.
  • Billie Gibson, a velha na banheira, foi falsamente aclamada como Ann Gibson, a falecida mãe de Mel Gibson.
  • Antes de contratar Diane Johnson como sua parceira escritora, o diretor/produtor Stanley Kubrick rejeitou um roteiro escrito pelo próprio Stephen King. O script de King era uma adaptação muito mais literal do romance, um filme de terror muito mais tradicional do que o filme que Kubrick fundamentalmente faria. Ele estava considerando contratar Johnson porque admirava seu romance “The Shadow Knows”, mas quando ele descobriu que ela era uma Doutora em Estudos Góticos, ele ficou convencido de que era a pessoa certa para o trabalho.
  • Assim como a escalação do personagem de “Jack”, Stephen King também não gostou da escolha de Shelley Duvall como “Wendy”. King disse que visualizara Wendy como sendo um tipo antiga líder de torcida loira que nunca teve que lidar com nenhum verdadeiro problema em sua vida fazendo a experiência no Overlook toda mais aterrorizante. Ele sentiu que Duvall era muito vulnerável emocionalmente e aparentava ter passado por muita coisa na sua vida, basicamente o oposto de como ele imaginava a personagem.
  • A ideia de Danny Lloyd mover seu dedo quando falava como Tony foi sua mesmo; ele o fez espontaneamente durante sua primeiríssima audição.
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12 Responses

  1. Sou suspeito em falar sobre Stephen King e Stanley Kubrick. Dois gênios, em suas funções: escritor e diretor, respectivamente. Acho que não devemos fazer uma aliança livro-filme. É (muito) difícil algum diretor conseguir transpor para as telas do cinema a atmosfera que o Mestre King dá nos livros. O próprio King se aventurou em algumas ideias (Comboio do Terror, por exemplo) e foi um fiasco. Não creio que fidelidade ao livro seja algum indício de que o filme seja ruim. Exemplo? Mangler. Eu (sim, meu gosto é diferente dos demais) achei o conto fantástico. O filme, uma porcaria. Por que? Ora, simplesmente porque o diretor passou todo o livro (e algo mais, vindo da mente “brilhante” dele) pras telas.

    Eu, como cinéfilo, considero o filme “O Iluminado” a melhor obra do Kubrick (sim, na frente de Laranja Mecânica e 2001, uma odisséia no espaço) e uma das melhores obras do terror (na frente de O Exorcista, por exemplo). Eu, como leitor assíduo de King, considero o livro “O Iluminado” (não, não li a saga da Torre Negra, mas por falta de tempo) o melhor do Mestre.

    Os filmes são baseados (não são cópias fiéis dos livros) nas obras do King. São tiradas dos livros as ideias centrais. Filmes tem uma hora e meia, duas horas. Mais do que isso, cansa (e muito! Isso que sou cinéfilo!). Não tem como fazer um filme ser cópia fiel de um livro. Pra isso, existem minisséries (com menos dindin). Aí, não ficam boas por causa dos (def)eitos especiais. Entramos numa cumbuca, quase difícil de se desvencilhar. Filme “infiel” com bons efeitos especiais ou minissérie fiel com péssimos efeitos especiais?

    Fazer os animais, naquela época, era complicadíssimo (e ficaria trash). Kubrick teve uma cartada de mestre em botar o labirinto (pro filme, ficou ótimo!).

    Os animais, no livro, é uma das partes mais sensacionais! Foi feita uma minissérie do Iluminado em 1997. Eu detestei a parte dos animais. Na hora em que eles se mexiam, cortava para os comerciais. Quando voltava, eu não tinha mais a sensação de medo.

    Pra finalizar, acho que temos (nós, fãs do King) que ver os filmes com um pouco mais de carinho, sabendo que não virão os momentos sensacionais dos livros. Não podemos criar grandes expectativas quanto à fidelidade. Temos que enxergar o livro como livro e filme como filme.

    Espero não ter me estendido demais. Estou aberto a debates (construtivos, óbvio).

    1. Oi Alberto! Mto obrigada por comentar *-* Concordo em algumas partes com você, como eu disse, na primeira vez que vi o filme achei um ultraje retirarem os animais de sebe, pq era uma das coisas que eu considerava bem assustadora no livro, mas pensando com mais calma, vi que realmente ficaria uma grande bosta naquela época, ficaria engraçado e isso não é bom em um filme de terror.
      Agora, sobre a adaptação: é claro que não dá pra passar o sentimento que temos ao ler o livro. O livro é recheado de detalhes, complexo, se fosse para fazer igual seriam seis horas de filme ou mais e, como você disse, ficaria tremendamente chato, mas há sim como fazer uma boa adaptação. Prova disso é O Nevoeiro. Tá, O Nevoeiro é bem recente, mas Darabont, mesmo alterando e ocultando algumas coisas, fez um ótimo trabalho! Eu concordaria em dizer que O Iluminado é uma boa adaptação, até para a época, se não tivesse sido alterada taaaanta coisa, acho que tirando certas partes (principalmente o final diferente) acaba com uma boa adaptação, continua sendo adaptação, mas não boa. Isso, é claro, minha opinião. Tem gente que não liga, mas eu odeio (sim, ódio) quando uma adaptação altera coisas demais.
      Na minha opinião, O Iluminado não foi o melhor filme de Stanley Kubrick, mas isso sou eu dizendo e muitas pessoas discordam. O Iluminado é um bom filme? Sim, tanto que ele é até mais conhecido do que o livro, mas não o considero um clássico do terror. Não acho que ele supera O Exorcista. As pessoas têm medo desse filme até hoje e acho que não se pode falar o mesmo de O Iluminado. Lembrando que não estou falando como adaptação, mas como o filme em si. Na metade do filme eu já estava completamente enjoada, em grande parte pela atuação de Shelley Duvall.
      Acho que eu sempre vou criar expectativas quanto a adaptação. Sei que não vou sentir a mesma coisa que senti ao ler o livro, mas gostaria de vê-lo e dizer que é um bom filme de terror, ou, uma boa adaptação.
      Foi ótimo o seu comentário. É bom ver a opinião das pessoas.
      Abraços!

      1. É, eu não li O Nevoeiro, não posso opinar sobre. Mas o que falaram nas redes sociais, é que a maioria dos fãs não gostou do final do filme pois (dizem) é diferente do livro.

        Voltando ao Iluminado, Kubrick fez dois finais. Optou por esse porque ele adora deixar finais “vagos” (vide 2001, Laranja Mecânica, Lolita, Dr. fantástico, Nascido para Matar). Parece que ele gosta de deixar o pessoal se perguntando no final do filme. O outro final que ele gravou, deixaria uma brecha pra um segundo Iluminado (coisa essa que o King pensou em fazer. Acho que não deveria, mas, do King eu espero sempre do bom e do melhor).

        Nas duas versões eu achei a Wendy (“light of my life”, hehe) mal interpretada. Na primeira versão, a Shelley Duval parecia a sua personagem de Popeye (Olívia Palito), um pouco mais histérica. Na segunda versão, a Rebecca tinha ares de sua personagem em “A mão que balança o berço”. Não gostei.

        Nenhuma adaptação agradaria a gregos e a troianos, ou que nem falamos aqui no Rio Grande do Sul, a chimangos e a maragatos. O mundo só é mundo porque temos opiniões diferentes. Que chato seria se todos falassem a mesma língua, tivessem os mesmos costumes, as mesmas crenças… Como aqui está chovendo, acho que verei as duas versões do Iluminado, uma atrás da outra, pois já estou com saudades. Das duas…

          1. Também gostei mais do final do livro. Acho que o final do conto em um filme, ficaria bem sem graça. No caso dO Iluminado, o final do livro ficaria ótimo no cinema, porém, pode ter sido alterado por falta de dinheiro… não sei.

  2. Depois que li o artigo, percebi que tinha visto o filme tantas vezes, que jurava que tinha lido o livro, então comprei-o imediatamente, para também poder ter uma opinião.

    Bem, o filme para mim continua sendo bom, porque 99% das adaptações dos livros do King são lastimáveis…Maaaaassss, como vc mesmo disse, o livro é bem melhor, é podia ser melhor explorado.

    Realmente foi esquecido um pouco a história, e focaram muito no terror, sinto falta dos animais de grama, e também das demonstrações de afeto entre pai e filho, da mulher da banheira sufocando o Danny, concordo com Stephen King sobre a escolha de outro ator para fazer o papel de Jack, o personagem tinha que ser transformado em louco aos poucos e Jack Nicholson já tem cara de louco hehe (mas é um ator perfeito..

    Então é só isso, abraços!!

  3. O filme é bom, mas está longe de ser um filme assustador. O que senti falta foi como já dito em outro comentário, da relação entre pai e filho e como o Jack fica louco aos poucos.

    E Jack, escreve o livro sim, nesse filme mostra que ele escreve apenas uma única frase em várias páginas.

    A Shelley Duval é péssima, grita o filme inteiro e da dor de cabeça. Outra coisa, que não gostei, foi que o Jack não não encosta um dedo na Wendy. E esta é a que começa a agressão, sentando o taco no Sr Torrance. O que difere muito do livro e da realidade, pois uma esposa que ama seu marido não vai agredi-lo sem este fazer nada.

    Jack Nicholson é uma caso a parte, salvou o filme. Se não fosse a atuação dele, esta obra não seria a metade do que é.

    A ironia, é que a pesar de Stanley, querer se distanciar do livro, ele acaba deixando referências que somente quem leu o livro consegue entender. Como o caderno de recortes do Overlook, que aparece rapidamente na mesa de Jack. Ou a camiseta que ele usa com o nome da escola que trabalhou antes, que só é mostrado no livro.

    Para quem não leu o livro, o filme resume-se em um louco que quer matar a família. E é um bom filme, aliás ótimo, mas bem diferente do livro. Enfim, desculpem se falei alguma bobagem, mas é minha opinião, abraços.

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